O apelo foi lançando ontem durante a realização do espaço ‘Maka à Quarta-feira’, que teve lugar na União dos Escritores Angolanos, sob o lema “O teatro no contexto actual angolano: arte de resistência ou produto de entretenimento?, que contou com a presença da classe teatral.
Segundo o presidente da Associação Angolana de Teatro (AAT), Tony Frampénio, o tema em debate serviu para analisar o contexto actual angolano desta arte e os seus fazedores, tendo sido concluído com o apelo para, pelas várias técnicas utilizadas benéficas para os alunos, a necessidade da sua implementação nas instituições de ensino como cadeira curricular.
Ao falarem deste assunto, fez-se ainda uma reflexão sobre os desafios enfrentados por artistas e produtores teatrais, com o objectivo de manter o teatro economicamente viável, sem sacrificar a sua mensagem crítica ou o seu valor cultural. Também questionam a existência de investimento na formação do público e sobre a valorização desta expressão artística.
Diante desta problemática, sobre a preservação cultural e comercialização, Tony Frampénio destacou o impacto da redefinição do teatro angolano e a sua contribuição como ferramenta de transformação social.
Deste modo, apela à classe para a continuidade de criações de ficções que moralizam a sociedade, que possam empoderar a população angolana, a exemplo daquilo que tem acontecido em outras esferas do mundo como a Marvel, Hollywood, que, com a sua arte, criaram o que chamam de ‘sonho americano’.
“Este encontro teve como objectivo incutir à classe teatral o papel de transformação social que o teatro deve ter no seio da sociedade. E que não devem esperar do Estado angolano a implementação de políticas de funcionamento da actividade teatral, mas, antes, devem ser um ente que apoia o Estado com actividades artística. Os angolanos também precisam de ter o seu sonho e isto deve acontecer com as artes”, asseverou.
Implementação do teatro como cadeira curricular
O encontro contou com a presença do presidente da União Nacional dos Artistas e Compositores (UNAC-SA), Zeca Moreno, que avançou que o teatro angolano, desde a sua história, foi um elemento que juntou os factores de entretenimento ao da resistência contra a dominação colonial portuguesa.
“Foi através do teatro que muitas mensagens foram passadas aos cidadãos para que se engajassem na luta contra o colono. Hoje, com o desenvolvimento do capitalismo no mundo, o teatro, para além destes dois factores, que são as suas bases de resistência, também tem o factor económico, porque muitos dos artistas são profissionais que vivem ou devem viver do trabalho que desempenham”, sublinhou.
Zeca Moreno realçou que, no seu entendimento, para preservar estes valores ancestrais, é necessário que o teatro seja também uma disciplina do currículo escolar nas instituições de ensino em todo país, uma vez que no tempo colonial já se tinha esta arte como uma cadeira.
Além do teatro, defende que as outras manifestações artísticas e culturais podem e devem ser levadas às escolas, de maneira que possamos, desde tenra idade, formar as crianças com o verdadeiro sentimento de nacionalidade.
“Tem-se dito que nem tudo que é do passado é negativo. Existem aspectos que podem ser recuperados hoje e adequados à nossa realidade para o desenvolvimento do país.