A falta de organização no seio dos artistas plásticos está a preocupar os fazedores das belas artes na província da Huíla, o que tem vindo a travar a expansão e divulgação das suas obras nesta parcela do país
A informação foi avançada, ontem, na cidade do Lubango, durante uma entrevista exclusiva concedida ao jornal OPAÍS, pelo artista plástico, Pedro Cláver Cruz, tendo dito que a realidade que os artistas vivem ainda é preocupante.
Estas dificuldades, segundo Pedro Cláver Cruz, estão relacionadas com a falta de uma organização mais efectiva, como é o caso de uma delegação da União Nacional
dos Artistas Plásticos de Angola (UNAP) na província.
A ausência deste espaço faz com que não se tenha dados concretos sobre quantas pessoas se dedicam às artes plásticas. “Estas coisas de os artistas estarem na condição informal é que compromete o processo de organização dos mesmos, porque eles têm de estar credenciados, registados.
As obras produzidas devem também estar registadas para efeitos de salvaguarda de vários pormenores que a arte traz consigo, nomeadamente os direitos de autor, os benefícios que a lei do mecenato traz, analisar a natureza jurídico-privada ou jurídico-pública da actividade”, disse.
Por outro lado, o nosso interlocutor defende que o Ministério da Cultura, por via das suas representações nas 18 províncias do país, deve contribuir para maior visibilidade dos trabalhos dos artistas, para que possa corresponder aos anseios de todos os fazedores de arte.
Pedro Cláver Cruz afirmou que a falta de estímulo a nível local faz com que o estado das artes, sobretudo as artes plásticas, continuem em decadência, por falta de projecção social e profissional.
“Avaliar o estado das artes plásticas na Huíla é meio complicado, porque é uma província que nunca teve um histórico tão alto em relação às artes plásticas, isso porque em Angola quando fala-se da projecção artística, existe o fenómeno da ‘luandização’ dos talentos.
Ou seja, os talentos estão mais concentrados em Luanda, e os que estão nas demais províncias do país a tendência é migrar para Luanda, porque é lá onde existem as maiores oportunidades.
Isto tem estado a influenciar pela negativa o funcionamento das artes plásticas na Huíla”, disse.
Apesar disso, o artista plástico, reconhece o engajamento de algumas pessoas singulares e colectivas, em manter alguma persistência das artes plásticas, com a realização de projectos de formação de novos talentos e a exposição de quadros dos veteranos.
Por: João Katombela, na Huíla