As obras que compõem a exposição, inaugurada na passada sexta-feira, 31 de Janeiro, representam diferentes períodos da carreira do artista, com peças criadas desde 1992 até a actualidade, reflectindo sua evolução artística ao longo dos mais de 50 anos de carreira. De acordo com Dominick A. Maia Tanner, produtor do evento e responsável pela “ELA”, a exposição propõe uma imersão na complexa relação entre memória, história e identidade.
Com o título evocativo, a mostra explora os vestígios de um passado colectivo que se manifesta por meio de colagens, papéis, madeira e ferro. “As obras apresentam uma linguagem visual profundamente conectada às questões sociais e políticas de Angola, articulando uma crítica às narrativas de resistência, transformação e esquecimento que moldam o imaginário africano contemporâneo”, começou por explicar.
O responsável ressalta a mostra não se destaca apenas pela força estética das obras, mas também pela profundidade conceitual com que aborda as questões de memória, identidade e história.
Incluem trabalhos em papel, ferro e colagens, revelam um universo simbólico onde o passado e o presente se entrelaçam, desafiando as narrativas estabelecidas e propondo novos olhares sobre a história de Angola.
O artista convida o público a reflectir sobre a importância de preservar as memórias do que foi vivido, ao mesmo tempo que os desafia a reimaginar o futuro com base no entendimento e na reconciliação com esse passado.
Obras do maior ícone do sector
A reinauguração do grupo “ELA” marca o lançamento do seu novo projecto. Para o Presidente da União Nacional dos Artistas Plásticos (UNAP), Rosário Manuel, a exposição representa o maior ícone do sector das artes visuais e plásticas em todo o país.
“António Olé não precisa de apresentações, dada sua trajectória, o conjunto das suas obras e seu reconhecimento a nível nacional e internacional, além do significativo contributo que tem dado não apenas às artes plásticas, mas também ao cinema e outras áreas culturais que têm beneficiado o público”, afirmou.
Destacou ainda o trabalho realizado pela “ELA”, que considera acima da média, com uma forte carga artística, incluindo serigrafia, pintura, escultura e outras formas de expressão. A exposição é, portanto, recomendada a todos os amantes das artes, e não apenas a eles.
Sobre António Olé
António Olé nasceu em Luanda, Angola, em 1951. Estudou Cultura e Cinema Afro-Americano na Universidade da Califórnia, Los Angeles, e Filmografia no Centro de Estudos Avançados de Cinema e Televisão, American Film Institute, também em Los Angeles.
Artista versátil, é reconhecido pela sua fotografia, documentários e instalações multimídia em larga escala, nas quais explora as texturas da vida em locais urbanos marginais.
António Olé recebeu vários prémios em Angola, Portugal e Cuba, e suas obras estão presentes em inúmeras colecções públicas e privadas, incluindo a Colecção Lopes Crespo, a Colecção ANCA, a Sonangol EP, o Banco Millennium Atlântico, a Colecção da Fundação Gulbenkian, a Smithsonian NMAA e a National Gallery, entre outras. Destaca-se também a presença de sua obra na colecção particular de David Bowie, que foi leiloada pela Sotheby’s em Novembro de 2016.