A mostra, com entrada livre, intitula-se “A Vida Longa das Linhas Retas” e apresenta-se em dois núcleos distintos, destacando na primeira sala uma saudação aos visitantes com quatro desenhos verticais: Corpos cinzelados a fogo e solda que estará patente ao público até 26 de Maio
“Avida longa das linhas retas” é o título da ex p osição individual do artista luso-angolano, Pedro Pires, a ser inaugurada esta Quinta-feira,20, no Camões – Centro Cultural Português em Luanda.
A mostra, que estará patente ao público até 26 de Maio, tem a curadoria de Luísa Santos e está inserida no programa comemorativo do 5 de Maio, Dia da Língua Portuguesa.
Marca o regresso a solo do artista à capital angolana, após vários anos de presença crescente no circuito artístico internacional, numa agenda do referido Centro.
A colecção é constituída por 23 obras, na sua maioria inéditas, de escultura e intervenção sobre papel, decorrendo na designação da apropriação do título do Ensaio Homónimo de Wolfgang Döpcke, “A Vida Longa das Linhas Retas,” (1999), que fornece uma análise crítica das narrativas estereotipadas que envolvem a definição das linhas de fronteira em África.
A exposição tem a direcção artística e produção da Galeria de Arte Contemporânea Luso-angolana THIS IS NOT A WHITE CUBE, a primeira Galeria Africana em Portugal que, mantendo uma profunda ligação com o continente “Berço da Humanidade”, não se centra exclusivamente nos círculos lusófonos, mas principalmente na estética emergente das produções artísticas culturais do Sul Global.
Através da referência à obra de Wolfgang Döpcke, Pedro Pires reintegra conceptualmente aos nossos olhos, uma reflexão que a sua obra propõe, desde há muito, em torno da noção de fronteira e de fragmentação da identidade.
Concepção A mostra proporciona aos visitantes a oportunidade de explorar uma produção artística singular, reconhecida pelo recurso recorrente a mecanismos de apropriação de objectos e de ideias, mas sobretudo dos seus contextos em prol da edificação de reflexões concretas sobre narrativas instituídas e da renegociação de uma significação original através da lente da arte contemporânea e das suas molduras conceptuais.
A exposição apresenta-se em dois núcleos distintos, destacando na primeira sala uma saudação aos visitantes com quatro desenhos verticais. Corpos cinzelados a fogo e solda, à escala humana.
Esculturas suspensas, pendentes, que formando um quadrado criam um espaço dentro do espaço da galeria onde o visitante adentra para vislumbrar a face dúplice de cada obra e a sua dúplice acepção, quais “organismos vivos em constante processo de troca e de transformação”.
“Se as fronteiras que o título anuncia são prenúncio de divisão, a solda e os corpos por ela delineados “unem, neutralizando e reforçando o processo da imaginação na construção (e destruição) das fronteiras”, realça a curadora.
Estruturação
De acordo com a curadora, a sala superior da Galeria apresenta quatro esculturas feitas com resina e tecidos Vlisco.
Cada qual, uma fronteira em si, marcada matericamente pelo impedimento do acesso a elementos identitários que nos corpos os tornariam únicos e reconhecíveis.
Acrescem outros desenhos que, contrariamente aos primeiros, se movem fragmentados, delimitados por barreiras que os emolduram em segmento.
Dois itineram da exposição “The Green Line”, que Pedro Pires materializou, em 2022, na galeria THIS IS NOT A WHITE CUBE, em Lisboa, como um primeiro capítulo da reflexão.