A mostra, que reúne obras de vários angolanos, intitula-se “Pai Grande nosso, tu és”, é um tributo ao artista plástico Paulo Kapela e ficará patente ao público da cidade capital até 9 de Maio, no ELA-Espaço Luanda Arte
POR: Augusto Nunes
Está patente desde o dia 19, no Museu Nacional de Antropologia, a peça “Kibandu”, no quadro do projecto mensal “A peça do mês”. “Kibandu” é uma bandeja feita com junco e varas envergadas, cobertas de fibras vegetais e palhas. A peça possui uma forma circular, com fundo raso, próprio para a secagem de produtos. Segundo o director do museu, Álvaro Jorge, “Kibandu” é utilizado na agricultura para a secagem de produtos agrícolas, como o milho, bombó e fuba, assim como peneira, para separar o milho do farelo. De acordo com o responsável, a peça exposta pertencente ao grupo etnolinguístico Ambundu, que usa e executa os cestos do tipo espiral (uma curva plana que gira em torno de um ponto central), com grande perfeição, mas também é utilizado no Sul do país.
Produção
A peça é fabricada com a técnica do tipo espiral, sendo que algumas bandejas apresentam 1,30 centímetros de diâmetro, e são decoradas com motivos geométricos, que realçam as cores castanhas naturais e artificiais da matéria-prima. A cestaria engloba os géneros entrecruzado, encanastrado e torcido, que é predominante em todo o país e no qual duas tiras de material flexível passam alternadamente por cima e por baixo das varias tiras paralelas, acompanhadas de movimentos de torsão. Consta que, actualmente, a cestaria apresenta inovações ao nível das matérias-primas. As fibras vegetais de que são feitas, em alguns casos, são substituídas por fios industriais, tirados de sacos de plásticos. Ela é entendida como o conjunto de objectos ou utensílios obtidos através de peças entrançadas, que compreende a técnica de fabricação de cestos, que designa a arte de trabalhar fibras, varas, caules, caniços, palhas e outros vegetais.
Utilidade
Essa arte é bastante exercida em Angola, sobretudo por mulheres, e varia consoante a matéria-prima, a função pela qual é feita e a habilidade do seu fabricante. No Sul do país, também designado cestaria é complicado, tanto pela manufactura como pelos arranjos ornamentais. Geralmente, os objectos da cestaria são produzidos segundo a sua funcionalidade e conforme o uso, eles variam em tamanho e forma, assim como na técnica de manufactura. Dado o seu carácter eminentemente utilitário, a cestaria é regida pela função a que se destina, podendo dizer-se, do ponto de vista do modo de vida, que existe uma cestaria de agricultores, outra de caçadores, agricultores e uma terceira que é de pastores.
Peça do mês
O projecto “A peça do mês” tem como objectivo divulgar as peças existentes no museu, bem como propagar na sociedade a sua importância como património cultural e nacional, função social, descrição, origem e cativar os cidadãos a visitarem o espaço. Desde o arranque do projecto, em Agosto de 2016, foram expostas mais de 15 peças, tendo começado com a “Pedra de Hiroshima”, “Lilweka”, “Luena”, “O Pensador” (Kuku Kalamba), “Ndemba”, “Kiela”, “Kikondi”, “Mulondo” e “Cihongo” (Txihongo), “Kijinga”, Heholo”, “Mintadi, Mufuka, “Mondo” e a Mwana-Pwo.