A urbe tornouse uma das grandes referências em termos de visitadas e de pesquisas no panorama cultural daquela província e não só, não obstante algumas limitações ao nível de unidades de restauração e acomodação, um assunto que por sinal tem ultimamente merecido a atenção das autoridades governativas.
O Grémio chama a atenção do visitante, pelos vestígios históricos que circundam a antiga capital do Reino do Congo, as famosas ruínas do Kulumbimbi, considerado o lugar dos antepassados, sagrado e o Centro para a Identidade do povo Congo. Kulumbimbi representa ainda a importância da Tradição Kongo e seus conflitos com a chegada dos portugueses e da Religião Católica na África Central, ao final do século XV.
Segue-se o cemitério dos Reis do Congo, adjacente à Catedral, contendo os restos mortais de todos os monarcas locais desde Henrique II (falecido em 1842), a árvore secular Yala Nkuwu, situada no centro da cidade, entre outros bens que contribuíram para que a cidade fosse elevada à categoria de Património Cultural da Humanidade.
As intervenções, muitas delas já cumpridas, incidiram numa série de acções que culminaram com a remoção das antenas da Emissora Província do Zaire, Angola Telecom e Unitel da zona histórica e a realização de acções de divulgação e preservação dos monumentos e sítios, a que se seguirá proximamente o aeroporto local, cujos vestígios do património são visíveis em toda a sua extensão. Trata-se de uma das áreas consideradas nobre por congregar simbólicos do reino, devendo os trabalhos de arqueologia, começar logo após o seu encerramento deste antigo aeródromo.
Curiosamente, na pista deste aeródromo, uma estrela de bronze marca o local em que, de segundo a tradição do século XVII, o Rei D. Afonso I sepultou a mãe viva, provavelmente na Igreja de São Miguel. As operações, que a par das anteriores ainda prosseguem com outros procedimentos, já estão a surtir alguns efeitos positivos, despertando, de algum modo, o interesse de estudiosos que na busca de incessante de conhecimentos sobre o antigo Reino do Kongo e não só.
A intenção de ver cada vez mais protegidos e valorizados os bens patrimoniais daquela cidade, é abraçada reforçada por jovens artistas, estudantes, figuras religiosas, autoridades tradicionais e a população em geral, que se juntando aos esforços do Executivo, abraçam a iniciativa, contribuindo com sugestões e criações para acelerar o processo.
Transmissão de valores e legado
A criação em Mbanza Kongo de um espaço de transição geracional, centros científicos foi advogado pelo historiador e docente universitário, Patrício Batsîkama, assim como a sua reconfiguração, como eixos fundamentais para garantir a qualidade na transmissão de valores e do legado às novas e às futuras gerações. O historiador desafiou, igualmente, as equipas envolvidas no processo patrimonial a multiplicarem os conteúdos nos objectos e sítios classificados como patrimónios, para suportar a dinâmica do turismo e toda a produção artística.
Ainda no que ao Fomento do Turismo Cultural diz respeito, o académico defendeu a necessidade de se estimular financeiramente pequenas e médias empresas, para garantir a alimentação cultural dos turistas ao nível interno e externo. Prosseguindo ainda no quadro do Turismo e Ancestralidade, o docente destaca a investigação científica nas suas diferentes áreas ao nível daquela província , a criação de instituiçõe s museológicas e a edificação de grandes esculturas (estátuas) de figuras históricas.
No entender do académico, estas acções incluem também a criação de centros do saber científicos e culturais, como veículos indispensáveis à promoção do turismo que se pretende em vários domínios naquela circunscrição. Patrício Batsîkama advoga, igualmente, a necessidade de se intensifiquem políticas de diálogo institucional (poder central e ancestral), votando num orçamento que permita que as autoridades tradicionais desenvolvam os projectos que lhes permitam salvaguardar o que de precioso há nos domínios social, cultural, religioso (virtudes, valores, ancestralidades e tantos outros).
Alinhando no mesmo diapasão, Nefwani júnior é um destes jovens criativos, que apesar de algum cepticismo demonstrado por certos citadinos, no que ao cumprimento de algumas promessas por parte das autoridades centrais se refere, acredita no sucesso do trabalho que tem estado a ser realizado para o Fomento do Turismo Cultural naquela cidade. O jovem anfitrião, por sinal é natural da antiga capital do Reino do Kongo, desafiou as autoridades a quem de direito a actualizarem as informações relacionadas ao Centro Histórico e outros pontos, produzindo cartilhas e catálogos para a informação pública.
“A minha sugestão para o Governo em relação a Mbanza Kongo, Património da Humanidade, incide sobretudo na produção de cartilhas com informações detalhadas sobre o Centro Histórico e não só para actualizar os munícipes quanto as acções que têm sido desenvolvidas deste rico património”, disse. O j o v e m artífice admite que há muita gente no Zaire e não só que ainda não sabe que o país tem um património de enorme valor, o que no seu entender deverá o Ministério da Cultura e Turismo, os governos provinciais, promoverem mais acções, visando divulgar com frequência o referido património.
Um outro pormenor importante a que se referiu Nefwani, é a criação de um Centro de Estudos que possa albergar diferentes áreas formativas, com destaque para a Escola de Arqueologia, que muita falta faz ao nível da província em particular, e do país em geral. Curiosamente, o país conta apenas com dois arqueólogos, a actual secretária de Estado da Cultura e Turismo, Maria da Piedade de Jesus e Sónia Domingos.
Projecção do Executivo
Para dar maior comodidade aos visitantes, a Comissão Nacional Multissectorial para a Salvaguarda do Património Cultural Mundial, destacou na II Sessão Ordinária a promoção e implementação de programas de conservação e a gestão participativa do património cultural, tendo em conta a necessidade de se adoptarem medidas especiais de acompanhamento do património cultural nacional de valor universal excepcional.
O programa, segundo a comissão, tem ainda entre outros objectivos, incentivar os jovens na aprendizagem de técnicas ancestrais no domínio das artes e da gastronomia, para o benefício das comunidades locais, no âmbito do processo de conservação e valorização do património material e imaterial do país.
Inclui também o Plano Estratégico de Gestão do Turismo de Mbanza Kongo, divulgar o património cultural do município, orientar visitas às áreas de atracção turística da localidade e aumentar em mais de 15% a oferta das infraestruturas de alojamento. Também propõe-se a expandir em 20% a rede de restauração e, até 15 por cento, os serviços complementares da oferta das infraestruturas turísticas de alojamento, os serviços complementares, assim como formar e qualificar os profissionais do sector do Turismo.
Festikongo no prelo
Já no que ao Festival de Promoção e Valorização do sítio de Mbanza Kongo, Património da Humanidade (Festikongo), que será realizado há pouco menos de dois meses. Já no que ao montante disponibilizado para a implementação dos trabalhos de reconstrução do antigo Reino do Kongo se refere, que foram aprovados 95 mil, milhões de kwanzas, que incluem o restauro das ruínas de Kulumbimbi, antiga Catedral de São Salvador do Kongo, Primeira Igreja Cristã, construída na África subsaariana, segundo uma fonte.
Uma estrutura edificada pelos Jesuítas, entre Maio e Julho de 1491 e elevada a Catedral em 1596. Refira-se, no entanto, que o Festikongo é um festival de promoção, valorização do sítio de Mbanza Kongo e de intercâmbio Cultural, e engloba um conjunto diversificado de acções de natureza artístico-cultural, científica e turística, que além de Angola, na qualidade de anfitriã, conta com a participação, dos três países que faziam parte do Antigo Reino do Kongo. Angola, República Democrática do Congo e do Gabão.