O escritor Sérgio Fernandes é o grande vencedor da 1ª edição do Prémio de Literatura Imprensa Nacional-Casa da Moeda/Angola, com a obra ‘Nem vara, nem cajado’, distinguido diante de 40 autores, neste concurso que visa reconhecer trabalhos inéditos no domínio da prosa
A obra é uma colectânea de contos que nos transporta para uma realidade que se entrelaça com a fantasia de um modo competente. Combinando elementos do realismo mágico com as peculiares crenças feiticistas, recorre ainda, a medida do possível, a expressões em línguas nacionais angolanas.
Surpreendido e feliz com a conquista, Sérgio Fernandes, em conversa com OPAÍS, disse que este prémio chega num bom momento para a sua carreira.
Primeiro, por ser mesmo uma recompensa ao trabalho que tem desenvolvido e, segundo, porque vai permitir uma maior divulgação do que tem escrito.
“Esse prémio será para mim um grande incentivo para continuar a trabalhar. Sei que, a partir de agora, os leitores vão exigir ainda mais em termos de qualidade, mas é verdade que, com os incentivos certos, é mais fácil fazermos mais e melhor”, começou por explicar.
O escritor lembra que os seus dois primeiros livros foram muito bem recebidos pelos leitores, mas já sentia a necessidade de uma maior divulgação e de alargar o alcance do trabalho que faz e dos seus livros.
“Um intento que acredito ter maior impulso com a atribuição deste prémio”, realçou.. Questionado sobre este concurso, que vai na sua 1ª edição, Sérgio referiu que, se se mantiver, vai ser muito bom para a literatura angolana, o que vai permitir trazer à luz novas obras, assim como novos autores. De igual modo, observa como um grande incentivo à boa produção literária.
O escritor salienta que, embora seja o primeiro vencedor, é, no fundo, a literatura angolana que vence. “Embora tenha concorrido e queria muito vencer, tenho a noção que, por um lado, a concorrência vai crescendo e, por outro lado, não temos ainda muitos concursos literários, factos que tornam a tarefa de qualquer candidato muito difícil.
Surpreendeu-me ainda mais ao saber que a minha obra foi a vencedora numa competição com 40 obras em concurso”, constatou. Nesta edição, o corpo de jurado esteve composto por Aníbal João Ribeiro, Ondjaki e Jorge Reis-Sá, que escolheram a obra vencedora através “da qualidade literária que se traduz na contribuição para a diversidade da literatura angolana”.
Consta que o trabalho vencedor será editado pela Imprensa Nacional e o seu autor recebe cinco mil euros. O prémio foi criado pela Imprensa Nacional- Casa da Moeda no âmbito da sua missão de preservação e divulgação da língua portuguesa.
As obras selecionadas, trabalhos inéditos, em língua portuguesa, são no domínio da prosa literária produzidos por cidadãos angolanos ou a residir em Angola há pelo menos 5 anos, incentivando desta forma a criação literária angolana.