A Academia Angolana de Letras (AAL) vai homenagear, nesta Sexta-feira, 06, o antigo poeta e escritor António Jacinto no âmbito das celebrações do seu 99º aniversário natalício
Oacto de homenagem terá início com a deposição de uma coroa de flores na campa onde repousam os restos mortais do homenageado, no cemitério do Alto das Cruzes, em Luanda, por volta das 11 horas da manhã. De seguida, serão proferidas palavras de honra e exaltação à figura daquele poeta, escritor e nacionalista, protagonizado pelo presidente da AAL e por familiares, bem como a partilha de textos de algumas das suas obras como forma de eternizar os pensamentos e ideais de António Jacinto.
Tanto para a deposição da coroa de flores quanto para o encontro, estão convidados todos os membros fundadores e efectivos da AAL, além de familiares e amigos do homenageado.
De acordo com a AAL, a iniciativa enquadra-se no programa de actos simbólicos de homenagem iniciado em 2022, que visa enaltecer os homens de letras, com destaque para os angolanos que inscreveram os seus respectivos nomes nos anais da história de Angola, pelos seus singulares trajectos em prol da promoção e valorização da cultura e do nacionalismo angolano. Uma homenagem que é feita numa altura que, caso estivesse vivo, António Jacinto teria completado 99 anos de idade no passado dia 28 de Setembro.
“Com esse gesto, a AAL pretende perpetuar a memória de angolanos como António Jacinto, que contribuíram para a valorização da literatura de resistência e de protesto contra o regime fascista português, além de trazer à reflexão a identidade angolana através dos temas e forma de abordagem, com uma linguagem popular e um ritmo que proclamam o lado positivo da memória colectiva do povo angolano”, refere.
Mais de 60 pessoas convidadas
Para o encontro, será reservada uma sala com capacidade para acolher mais de 60 pessoas convidadas, entre as quais entidades singulares e colectivas, que poderão valorizar e enriquecer a discussão, com destaque para Cecília Martins (sobrinha do homenageado), Boaventura Cardoso (membro fundador da AAL) e Pepetela membro fundador da AAL).
O evento, de acordo com a nota, estará também aberto a participação pública de cidadãos que estejam interessados. “A AAL estende o seu gesto de reverência a este ilustre filho de Angola”, sublinha a organização.
O homenageado
Natural de Golungo Alto, província do Cuanza-Norte, António Jacinto do Amaral Martins nasceu a 28 de Setembro de 1924 e veio a falecer em Lisboa, Portugal, a 23 de Junho de 1991.
Foi poeta, escritor, político, nacionalista e membro fundador da União dos Escritores Angolanos, e também usou o pseudónimo Orlando Távora para assinar alguns contos. Apaixonado por poesia, António Jacinto destaca-se como um escritor de uma geração de libertadores.
As perspectivas que apresenta em suas poesias (1924-1991) estão marcadas pelos problemas sociais de Angola e trazem um certo fulgor urbano a uma literatura comprometida com um pujante nacionalismo, evidenciado através do “Grupo da Mensagem”.
Com seus escritos deu o seu grande contributo no processo de consciencialização e formação das mentes libertadoras de Angola, que se consumara a independência nacional em 1975.
Tem as obas Poemas (1961); Vovô Bartolomeu (1979); Poemas (1982, edição aumentada); Em Kilunje do Golungo (1984); Sobreviver em Tarrafal de Santiago (1985; 2ªed. 1999); Prometeu (1987); Fábulas de Sanji (1988) Ganhou diversos prémios, nomeadamente o Prémio Noma, Prémio Lotus da Associação dos Escritores Afro – Asiáticos e Prémio Nacional de Literatura.