Num ambiente de consternação e luto, foram a enterrar Sexta-feira,12, no Cemitério da Sant´Ana, em Luanda, os restos mortais do historiador angolano e homem de Cultura Simão Sioundoula.
Falecido na Segunda- feira, 8, no Hospital Josina Machel, vítima de doença prolongada, segundo Matuba Filipe, tio do malogrado, a saúde de Sioundoula que havia sofrido uma intervenção cirúrgica ao coração, agravou-se depois de ser acometido por um Acidente Vascular Cerebral(AVC) e diabetes. Disse que durante o tempo em que esteve internado nesta maior unidade hospitalar do país, os médicos fizeram tudo o que esteve ao seu alcance “ mas infelizmente não resistiu e morreu”, explicou.
No seio familiar, Matuba Filipe descreveu Simão Sioundoula como tendo sido “um homem bem educado, amigo de todos e que sabia respeitar, sobretudo os mais velhos”. Caracterizou-o ainda como tendo sido também um intelectual íntegro que dedicou parte da sua vida aos estudos de História de Angola, especificamente sobre a Rota dos Escravos. Já o historiador Pedro Lourenço, que privou no campo académico com o malogrado, disse que Sioundoula, como profissional nas áreas das ciências, na história e na antropologia, foi daqueles que alinhou no pensamento de Cheik Anta Diop. Segundo Pedro Lourenço, Simão Sioundoula, enquanto historiador tinha uma visão abrangente e podia trabalhar na história, na antropologia e na arqueologia, cujos dotes fizeram-lhe com que conhecesse melhor a história de Angola.
A fonte explicou que com a morte de Sioundoula, as ciências históricas de Angola ficam “cada vez mais reduzidas” em termos de especialistas, salientando que a melhor forma de honrar a sua memória é dar continuidade ao seu trabalho. Vladimiro Fortuna, director nacional do Museu da Escravatura, disse que o país perde um dos melhores quadros que tinha conhecimentos profundos sobre a história e antropologia, não só de Angola, mas também da diáspora africana. Disse que foi uma figura muito conhecida a nível internacional no que concerne os estudos africanos.
António Tomás Ana (Etona), secretário- geral da União dos Artistas Plásticos(UNAP) deplorou a fraca participação de homens de cultura e não só no enterro de Simão Sioundoula, salientando que merecia muito mais. Justificou que tendo sido ele um grande mestre naquilo que sabia e que transmitiu à sociedade, enquanto historiador e académico, “ não seria escândalo algum” se fosse enterrado com dignidade. Etona garantiu que o legado de Simão Sioundoula será seguido e transmitido às gerações vindouras. Além do secretário de Estado da Cultura, João Constantino, deram o último adeus ao exímio historiador angolano homens de Cultura tais como Luís Kandjimbo, Rosa Cruz e Silva, Patrício Batsikama, Jomo Fortunato, general Disciplina, e familiares do malogrado.