A escritora moçambicana fez estas considerações durante o “Café Literário”, organizado pela livraria Muyombo, que visou a promoção da literatura e cultura no seio da juventude. Segundo a renomada escritora, potencializar o que a mulher africana tem é uma das melhores formas de empoderamento do género, passando por conhecer melhor seu passado, entender o seu presente e perspectivar o seu futuro.
Paulina Chiziane defendeu, igualmente, que se deve ter “modelos úteis” na sociedade, como foi no passado, lembrando a emancipação e as lutas travadas pela Rainha N´Zinga Mbande, Cleópatra, entre outras, para as independências dos seus países. Para a escritora, a falta de referências torna as pessoas manipuláveis, devido ao fenómeno da aculturação que se vai impondo um pouco por toda a parte.
A origem do povo Cokwe
Nesse Café Literário, que visou, igualmente, elucidar os jovens sobre a origem do povo Cokwe, o Rei Mwatxissengo Wa Tembo, soberano dos cokwes, disse que essa etnia possui diversas tribos como Luvales, Nganguela, Lundas que, antigamente, tinham uma aliança designada “povo Lunda“. Lembrou que os Cokwe, residente maioritariamente no leste de Angola, na Lunda-Sul, Lunda-Norte e no Moxico, passaram por uma tribulação metamorfósica.
A aludida tribulação, recordou, consistiu na violação das regras do reinado, protagonizado pela filha do Rei Conde Matete, Rainha “Lueje Ankonde”, facto que levou os restantes integrantes da família real, como Ndonje e a sua sobrinha Samaba, a se retirar e procurar outras terras para governar e constituição do seu poder. Nessa senda, disse o 11.º rei da linha Cokwe, nasce várias tribos, sendo que o Mwatchiavua liderando os Lundas, Nhakatolo os Luvale e Mwaxissengue Wa Tembo para os Cokwe.