É natal, é natal, é natal! Para recomeço desta missiva natalina: natal é dezembro. Dezembro é maio que se faz mulher, mulher é a nação que se constrói em cada março de todos os dias entre, também, as mil vozes de Gerdina Didalelwa, de Mara Quiosa, de Naulila André e entre as heroínas que se vestem de coragem para que a fúria do mar dos homens não as engula e nem as estrangula nesta busca de vida de janeiro a dezembro.
Meu irmão natalino, minha irmã natalina, para começo desta missiva de natal: toma este poema de Neto! É natal, é Mussunda Amigo.
Este mar de palavras que se faz natal sob a caneta antropológica de David Capelenguela. Este verso de João Tala enobrecido de Lugar Assim que já é natal. Natal também é amor, amor é o corpo de Aminata nos dedos de Lopito Feijóo.
Natal também é a estética, a beleza de Rosa Enviesada de Hélder Simbad. Eu sei que: talvez seja apenas uma simples missiva, um natal forrado neste pedaço de nuvens de papel, mais um embalo qualquer, mais um natal que se avizinha, mais uma ceia desperançada aos olhos da boca do nosso quintal que se faz país todos os dias.
Mas ainda assim, meu irmão, escrevo-te com todas esperanças ancestrais, com todo espírito de kissange que acorda mil sonhos, com todas as mãos que batucam noites líricas e alcançam dias que nos remetem a mais profunda reflexão atemporal.
É o natal que se faz a natal num gesto simbólico à figura matriarcal de Lúcia Yoleni, de Rodmira Nanga e das mil mulheres que ecoam passos de chuvas que se fazem na esperança de sol de um pão amassado por Criso.
E este embalo de natal, meu irmão, minha irmã, são palavras de resiliência a Ireno Nambalo, a Papricas PVP, a Bambi Keane, a Mwene Vunongue, a Kiokamba Kassua, a Germano Nambalo e aos milhares de jovens adultos, de adultos jovens, que modelam o nosso presente futuro.
Este forro de natal são gestos fraternais à Mimo Garcia, à Nóe Kankhande, à Ivo Tuapanda, à Aristides Emanuel e aos milhares de tons que vestem de luzes as mil infinitas almas da nossa existência. Este misto de natal são sorrisos de pureza à MCC graças à fé dos que acreditam no amor.
Este coral de natal são sabores à Fórmula neste maruvo de Pequena Cozinha. Meu irmão, o natal também são vozes, vozes de sem fala cobertas por Miguel Ndiandula, por Anselmo Leite e dos milhares, Tomé Xavier, que acreditam também no direito como ferramenta de justiça.
Natal também são passos dos nossos destinos e são corações que se entrelaçam nas madrugadas que fabricam estrelas para as crianças do nosso mundo, nossa humanidade à luz da nossa imperfeição.
É o natal que se faz olupale: para concertação das nossas mãos, para o perdão que se faz imperativo, para o abraço de irmãos para irmãos, de filhos para filhos, de família para família sob olhar de Seghor.
Neste Natal, meu irmão, ofereço-te uma palavra de apreço em tom de Paulino Soma. E não fico por aqui, ofereço-te alma de Benjamim Fernando nesta batucada de solidariedade sem filtros. Ofereço-te ainda a língua de Peres Sasuco.
Ofereçote o ombro irmão de travessias de Hermenigildo Hebo, de Paulo Tatório e dos milhares que nos livram da saliva serpenteana. Ofereço-te também a nobreza dos heróis anónimos que não medem esforços para que o amanhã não seja miragem.