O embaixador de Portugal em Angola, Francisco Alegre Duarte, considerou que o fado é um estilo que, de certa forma, reforça os laços históricos, culturais e de fraternidade existente entre os dois países
Ao falar durante a noite, o diplomata português frisou que o festival, realizado por ocasião do 30º aniversário do Banco Caixa Geral Angola, é mais um daqueles importante evento que visa promover o intercâmbio cultural entre os dois “povos irmãos”, cujos laços se estendem até na cultura e nas artes.
“Hoje temos um festival centrado no fado, mas sempre sublinhando esta nossa fraternidade que também se estende à música de modos que, viva o fado, viva o semba e viva a cultura destes dois povos”, disse o embaixador em declarações a OPAÍS.
Em relação à expansão da música portuguesa em Angola, em particular o fado, Francisco Duarte disse ser notório que a música portuguesa vai ganhado cada vez mais espaço no mercado angolano e que, o facto de já existirem artistas angolanos a interessarem pelo estilo, demostra um reforço dos laços que une estas duas nações.
O diplomata sublinhou ainda que se tem emocionado ao ver jovens angolanos com guitarras a tocarem o fado em várias artérias da cidade capital. “Eu vejo jovens artistas angolanos a cantarem o fado e isso é um bom sinal.
Demostra que o fado é um estilo jovem e tem um bom futuro no mercado angolano, e acho que isso sublinha também esta relação especial que temos”, frisou.
Angolanos abriram a noite de espectáculo Fadista
A noite do Festival Caixa Fado 2023 contou com a actuação de dez artistas, sendo quatro angolanos e seis portugueses, com os artistas angolanos a fazerem as honras da casa.
O primeiro momento de actuação coube à artista angolana Bevy Jackson que, com sua potente e deslumbrante voz, encheu a sala do Centro de Conferência de Belas (CCB) de arrepios e vibrações nostálgicas, cantando e interpretando músicas fado a solo e em companhia de instrumentistas portugueses e de outro músico angolano, Toty Samed.
Descrevendo o momento, Bevy considerou ser um instante especial e marcante dado o facto de, apesar de ser a primeira vez a actuar no referido evento, ainda assim foi a escolhida para abrir o espectáculo, recebendo um feedback muito positivo por parte do público.
“É a primeira vez que sou convidada a actuar num espectáculo do gênero, estive por um tempinho com alguns nervos por ser uma grande responsabilidade abrir um espectáculo desta dimensão, mas fi-lo com muito orgulho, com muita satisfação e coragem, acima de tudo”, expressou a artista.
A segunda actuação foi também de inteira responsabilidade de uma outra artista angolana. Com a sua delicada voz a artista Selda contagiou o público e fez jus ao facto de ser uma das escolhidas para abrilhantar aquele rico e diversificado público que não escondia a emoção de ver angolanos a “desfilarem” o fado.
Duetos de artistas Do lado luso, a artista Lenita Gentil Do lado luso, a artista Lenita Gentil deu abertura as actuações dos artistas de terras de camões, fazendo um dueto com a cantora angolana Selda.
Experiente, voz potente e com uma carreira de décadas, Lenita Gentil, que já está habituada a cantar para o público angolano, mais uma vez superou às expectativas do público, deixando bem patente o seu timbre vocal nos ouvidos de quem esteve presente e se maravilhou com aquele ícone da música portuguesa.
Subiu também ao palco a fadista Gisela João que voltou a matar as saudades em estar em actuar pela terceira vez em terras angolanas.
A artista descreveu o momento como único e muito especial, sublinhando que sentiu do público angolano “ a mesma energia positiva e vibrante”, tal como ocorreu das outras vezes que esteve em terras nacionais.
Quem também subiu ao palco para fazer um dueto foi a artista Pérola que se juntou à experiente fadista Lina para dar voz ao tema “Gaivota”.
Naquele palco, passaram ainda outros renomados nomes da música portuguesa como Cuca Roseta, Ricardo Ribeiro, Camané, Marco Rodrigues, e outros que “carimbaram” os seus nomes e as suas vozes no coração dos públicos angolano e portugueses e/ou luso angolanos que acorreram ao CCB para desfrutar do espectáculo.