A festa inserida na celebração dos 35 anos do Grupo Elinga Teatro contemplou o lançamento de mais uma obra, de José Mena Abrantes, com o título, “Uma Breve História Geral do Teatro”, editada pela Kacimbo, 2023 e uma homenagem ao actor Virgílio António
O 5º Festival Internacional de Teatro & Artes de Luanda aberto no último fim-de-semana, no Auditório do Elinga Teatro, entra hoje no seu terceiro dia actividades, com a exibição, às 19 horas, da peça teatral “Nkembi”, poesia e performance, dirigida por Tomalunda.
O festival, que decorre de 20 a 28 deste mês, iniciou com a apresentação da peça, “Cangalanga, a Doida dos Cahoios”, do dramaturgo, José Mena Abrantes, pelo Colectivo Enigma, encenada por Tony Frampénio. É uma versão dramática do conhecido romance de costumes, “O Segredo da Morta”, de António Assis Júnior, publicado no início dos anos 40 do Século passa- do. A peça explora o contraste entre uma realidade muito prosaica e uma atmosfera enigmática, em que se diluem as fronteiras entre o sonho e a realidade.
Ontem, Domingo, 21, a festa do teatro prosseguiu com o momento musical, proporcionado pela cantora Anabela Aya, seguido da celebração do 35º aniversário do Elinga Teatro, com o lançamento da obra intitulada “Uma Breve História Geral do Teatro”, de José Mena Abrantes, editada pela Kacimbo, 2023. O livro foi apresentado por Gil Vicente Tavares, Professor de Artes Cénicas na Universidade Federal da Bahia, dramaturgo e director do Teatro NU e Tony Frampénio, Professor de Artes Cénicas, na Faculdade de Letras de Luanda, dramaturgo e director do grupo Enigma.
Ainda nesta activade, foi rendida uma singela homenagem ao actor Virgílio António (Virgulino Capomba), pelo empenho e dedicação às artes cénicas. Indagada sobre a trajectória dos 35 anos de existência do Grupo Elianga Teatro, a actriz e directora da instituição, Anacleta Pereira, resumiu o percurso numa só palavra: “Resiliência”, tendo acrescentado que a agremiação faz o teatro por duas questões: primeiro, por gostarem de o fazer. Segundo, por se tratar de uma acção social de uma maneira útil e positiva. “Como sabe, o teatro educa, entretém, informa, mas também ajuda a criar uma consciência crítica sobre diferentes realidades. Por ser uma arte de representar, é levada muito a sério, porque integra-se no domínio cultural. Sabe que todos os povos não vivem sem cultura.
A cultura faz par- te da identidade de qualquer Nação”, disse. A directora recordou que usou o termo ‘Resiliência’, para esclarecer que o Grupo Elinga tem sobre- vivido durante estes 35 anos, como resultado do amor à camisola. “Não há apoios para o teatro. Não há um fundo como, por exemplo, existe noutros países. Um fundo do Governo para apoiar o teatro ou outras disciplinas artísticas”, desabafou. Anacleta Pereira recordou que, para se desenvolver a actividade teatral, produzir uma peça ou um espectáculo qualquer que seja, os grupos fazem da “tripa coração” para conseguir fundos e montar um show.
Sublinhou que o Elinga está a realizar o Festival Internacional de Teatro & Artes de Luanda, com os seus próprios recursos, tendo o material usado sido adquirido por um gesto solidário dos membros do colectivo. Questionada ainda quanto ao desdobramento das actividades em torno deste festival, recordou, que além das sessões teatrais, serão também realizadas oficinas, mesas redondas e outros atractivos. Recorde-se que a festa prosseguirá com várias sessões, envolvendo os grupos Miragens, Elinga Teatro e tantos outros, incluindo actores e encenadores de diferentes pontos de Lunada.