O estilo musical semba, que recentemente foi elevado à categoria de Património Cultural e Imaterial Nacional, deve ser divulgado com maior intensidade na esfera internacional como uma forma de expandir a bandeira da cultura angolana alémfronteiras. A posição é defendida pelo músico e compositor, Don Caetano
O ícone da música nacional entende que o semba, enquanto estilo musical, tem sido pouco divulgado a nível do mercado internacional, apontando como sendo um dos factores que faz com que o estilo não seja tão conhecido como a kizomba, o zouk cabo-verdiano ou a rumba congolesa.
“Ele [o semba] já tem uma dimensão internacional, mas agora a divulgação é que é fraca. Penso que deve haver um trabalho intensivo em termos de divulgação da música popular urbana angolana e o semba em particular”, disse o artista, em declarações a OPAÍS.
O músico, que falava antes de subir ao palco do concerto “Trajectória”, decorrido na passada Sextafeira, 29 de Setembro, no Palácio de Ferro, considerou importante haver, cada vez mais, registos escritos sobre a história da música popular angolana, de modos que não perca a essência dos estilos, preservando a cultura e tradição dos povos que a “inventaram”.
Don Caetano enalteceu a iniciativa do Ministério da Cultura, Turismo e Ambiente em elevar o semba a Património Cultural e Imaterial Nacional, mas advertiu que “a missão não para por aqui. É preciso lutar para a elevação do estilo a património mundial da UNESCO”.
Celebração dos 50 anos de carreira
O artista foi um dos convidados e homenageados, juntamente com Robertinho, da sétima edição do projecto “Trajectória”, pelos seus 50 anos de carreira musical, contribuindo incansavelmente pelo crescimento da música popular urbana angolana, em especial o semba.
Sobre a iniciativa, o músico mostrou-se agradecido e congratulado pela homenagem, tendo sublinhado que aquele gesto significa o reconhecimento do trabalho que ele vem desenvolvendo há décadas em prol do musicall nacional.
Novo disco continua “à espera” de patrocínio Questionado sobre quando sai o novo disco, Don Caetano não escondeu a real situação e rematou que a obra ainda não está concluída por falta de apoios financeiros.
O mesmo disse que não tem condições para lançar o disco a esta altura, porque os custos são cada mais avultados e, uma vez que continua sem patrocínio, apenas limita-se a fazer as coisas paulatinamente em função do pouco que consegue angariar com um ou outro evento.
Sem receio, o artista revelou que para a conclusão do álbum precisaria de pelo menos 12 milhões de Kwanzas, um valor que, segundo afirma, está muito longe da sua capacidade financeira.
“Se tenho eu que juntar 12 milhões de kwanzas para gravar um disco, face às condições teria de esperar no mínimo uns 5, 6 ou mesmo 10 anos para realizar isso.
É difícil eu conseguir angariar estes valores, tenho responsabilidades, sou chefe de família, é muito difícil assim”, lamentou.
Aproveitou a ocasião para apelar às instituições de direito a apostarem um pouco mais na arte, frisando que é preciso criar políticas dinamizadoras do sector artístico para que os artistas não vivam feito mendigos ou pedintes.