Com o término previsto para 12 deste mês, o concurso conta nesta sua primeira fase com um financiamento estimado em 1.000.000,00 (um milhão de kwanzas) por projecto.
A intenção é apoiar os candidatos vencedores a trabalharem os seus dossiês de projecto a um nível profissional, para que no final estejam aptos a procurar e a concorrer a outros fundos de financiamentos nacionais ou internacionais para a sua produção efectiva.
Jorge António, o coordenadorgeral desta iniciativa, afirmou que os candidatos dos projectos pré-seleccionados pelo Festival Doc Luanda terão que defender a sua candidatura, perante um júri composto por personalidades nacionais e internacionais, ligadas ao mercado audiovisual, numa sessão de pitching a realizar durante a III edição do evento.
“O concurso será específico para documentários e apenas para a fase de Desenvolvimento. Será desta forma que se irão conhecer os projectos vencedores que irão beneficiar do referido apoio financeiro”, argumentou o responsável.
Iniciativa enaltecida, apesar do valor ínfimo
O realizador Hochi Fu, convidado a comentar sobre a iniciativa do Doc Luanda, enalteceu o gesto, adiantando que, apesar do valor ínfimo, o valor disponibilizado para o efeito poderá permitir um pequeno impulso aos concorrentes que estejam neste momento a iniciar-se.
“ A iniciativa é boa, só que 1 milhão não chega para projectos como documentários. É um processo dispendioso. Saídas, logística, filmagens, investigação, etc., um trabalho com uma boa qualidade não se consegue fazer”, observou.
O realizador realçou que não se pode recusar a ajuda de quem nos estende as mãos com iniciativas que futuramente podem conduzir a outros cenários. “Não podemos dar as costas a quem nos estende a mão com iniciativas que podem ajudar-nos futuramente.
É de louvar este gesto solidário”, admitiu. Hochi Fu salientou que projectos como este vêm apoiar pequenos realizadores e não para produzir grandes documentários com a qualidade desejada.
Não obstante a esses factores, admitiu existir uma certa qualidade ao nível das produções e criatividade no país. “A qualidade está a melhorar e seria ainda mais salutar se os fazedores de cinema e documentários tivessem onde apresentar ou em que edições comprassem o conteúdo. Isso iria motivar os fazedores e gerar vários empregos para a juventude”.
Por sua vez, o produtor e realizador, Nguxi dos Santos, de igual modo, considerou o valor irrisório, tendo em conta os custos que a produção acarreta, desde deslocações, logística, alojamento, investigação, entre outros processos.
A título de exemplo, Nguxi socorreu-se à feijoada e ao seu modo de preparação, as suas etapas, adiantando que cada componente adquirido tem o seu preço.
“Se for a realizar um documentário em Luanda, vamos por terra. Fora dela de carro ou de voo. Tudo isso tem seu custo. Em Cabinda, só de voo. O transporte do pessoal, figurantes, o custo do bilhete de passagem, o alojamento que também se tornou muito caro, 1 milhão não cobre nada”, desabafou.