A realização da Assembleia-geral da Associação Angolana de Teatro (AAT), que estava marcada para o último Sábado,28, na Liga Angolana de Amizade e Solidariedade com os Povos (LAASP), foi adiada para amanhã, Terça-feira, 31, a partir das 17 horas no Elinga Teatro, por alegadas razões técnicas
O adiamento, segundo a Comissão Eleitoral, deveu-se à falta de condições técnicas que pudessem assegurar a realização do acto com maior transparência e serenidade.
Mas ao que apurou este jornal no local, a falta de entendimento e de concordância entre os associados ainda constitui um forte empecilho para a realização do pleito.
Descontentamento, discordância e acusações de falta de transparência na elaboração do estatuto orgânico da associação estão entre as principais insatisfações manifestadas por vários artistas que, na manhã do último Sábado, fizeram-se presentes no pátio da LAASP para a realização da tão esperada assembleia-geral que acabou por não acontecer.
Em declarações ao jornal OPAÍS, José Mena Abrantes, presidente da mesa de assembleia-geral da AAT, considerou não haver condições propícias, em termos técnicos e anímicos, para a realização da assembleia.
Por esta razão, tomou a liberdade de, junto dos associados, adiar o acto para Terçafeira, no Elinga, estimando que até lá tais condições possam estar melhoradas.
Segundo o responsável, para que as eleições sejam realizadas, “é preciso primeiro que se aprove o regulamento, documento este que já foi apresentado pelo grupo técnico eleito na última assembleia e, a partir daí, num prazo de 15 dias, a comissão eleita tem a prerrogativa de convocar as eleições junto dos associados e em conformidade com o regulamento”.
Explicou que é através do regulamento que serão definidas as bases e normas legais que vão regular, fiscalizar e ordenar os processos eleitorais que culminam com a escolha de uma comissão directiva da associação, sublinhando que, por se tratar de uma instituição idónea e que possui órgãos sociais, é preciso que haja um regulamento que oriente o pleito eleitoral.
Descontentamento por parte dos associados
Para muitos associados, o regulamento a ser discutido e aprovado apresenta muitas irregularidades e pouca transparência, sobretudo no que refere ao número de inscritos apresentados na base de dados da associação, situação que leva alguns artistas a recusaremse aceitar a aprovação do referido documento.
No entender do actor Mac Gonell, a não realização do pleito eleitoral nada tem a ver com questões técnicas, mas sim deve-se à falta de vontade de ceder o poder por parte da direcção cessante que, segundo avança, tem tentado manipular os processos no sentido de criar irregularidades para evitar a realização da assembleia.
“É muito triste o que se está aqui a constatar na AAT.
Eu acho que há aqui uma tendência de manipulação porque a comissão que dirige não quer simplesmente largar o poder. Vemos aqui pessoas idóneas a se juntarem para o bem do teatro, mas meia dúzia de pessoas tentam boicotar o acto”, expressou.
Para o actor, a actual direcção da associação pouco ou nada faz em prol da classe artística teatral, por isso defende que a mesma deve ser imediatamente substituída para que se possa conferir a dignidade e o respeito que os artistas e a arte em si merecem.
Indignada também com a situação, Ludiane Calonge, actriz do colectivo Enigma Teatro, disse estar desmoralizada com o que se está a passar com a AAT, no que refere à preparação do pleito eleitoral, tendo afirmado que o actual cenário deixa incertezas sobre a realização das eleições, assim como torna vulnerável o futuro da associação.
A actriz sublinha que a classe teatral precisa de mais união e entendimento, para que possam ser realizadas as eleições e materializados os projectos de quaisquer que sejam as comissões directivas eleitas, acrescentando que é a classe que “sai a ganhar se se mantiver o respeito e a compreensão entre os artistas” no seio da associação.
Eleições continuam uma incerteza
A decisão do adiamento da assembleia-geral afasta, cada vez mais, a certeza sobre a concretização das eleições que, pela terceira vez consecutiva, é “atirada” para o canto da incerteza, estando dependente das decisões vindas da assembleia-geral, com a aprovação do regulamento.
Expectante, a actriz Solange Feijó mantém-se positiva em crer que, na Terça-feira, a assembleia seja realizada com a tranquilidade e organização adequadas, frisando que se a intenção é organizar a associação para a melhoria da classe, vale a pena ser optimista e acreditar que, apesar dos constrangimentos, é possível se concretizar o acto.
“Entende-se que toda a gente queira dar um outro rumo à associação, quer ver as eleições realizadas, mas antes precisamos salvaguardar algumas questões fundamentais, como o caso da aprovação do regulamento, para que não venhamos a ter outros condicionamentos no dia das eleições”, disse.
Já o actor e produtor Simão Paulino apela à classe a enveredar pelo caminho do diálogo, entendimento e discernimento para que o pleito eleitoral seja realizado com a transparência e o rigor exigido.
Reitera ser fundamental que se analise e se discuta com precisão os itens que compõem o regulamento por ser o documento que, de certa forma, vai ditar não só a realização das eleições como também o futuro da associação.
“É fundamental que os membros entendam e compreendam bem o processo e para que depois possam respaldar sobre aquilo que é o sufrágio que se impõe agora para a Associação Angolana de Teatro”, sublinhou.
Quatro candidatos na luta pelo cadeirão máximo
Após se terem passados cerca de cinco anos desde a realização do último pleito eleitoral na AAT, concorrem para o cargo máximo desta organização quatro candidatos, cada umaparecendo como cabeça de uma lista.
As eleições estavam previstas para 22 do corrente mês. Constam entre os concorrentes o encenador Tony Frampénio, a lidera a Lista A, o também teatrólogo Garcia Cordeiro, lidera a lista B, de igual modo o encenador Carlos Araújo é o cabeça da lista C e Isabel André, única mulher entre os concorrentes, apresenta-se como líder da lista D.
Estando todos os programas focados na dinamização da associação, união dos grupos e colectivos, assim como na promoção e divulgação da imagem e identidade da associação durante os próximos quatro anos de mandato.