O público da capital voltou a assistir, no passado Sábado, 02, na Casa das Artes, em Talatona, a mais uma sessão da peça teatral “A Paixão de Pai José”, que narra a luta pela abolição da escravatura, pela Companhia de Teatro Henriques Artes
As pesquisas recaíram, sobretudo, ao Pai José, um homem que nasceu em Angola, no Sul de África, que foi levado para o Brasil aos 30 anos, por um navio negreiro, tendo este percurso culminado com o iniciar de uma luta pela abolição da escravatura, a criação dos quilombos e Zumbi dos Palmares.
A ideia de escrever a referida peça, refere o actor Adilson Vunge, teve como intenção contar uma história que fosse angolana para os angolanos.
O seu interesse por eternizar esta figura e escrever a história para contar para a sua gente, visa resgatar a nossa cultura e educar uma sociedade que tem os valores morais e cívicos fragilizados.
A peça retrata a história de José, um escravo reprodutor que luta pela liberdade dos seus filhos e dos irmãos, que ao conhecer Maria, encontra o seu amor na única mulher.
Convidado a descrever o ambiente que marcou o segundo dia do espectáculo referiu que foi agradável, por terem sido brindados por uma forte e elegante presença do público.
O actor realçou, que a intenção era encontrar-se com os fãs da Sétima Arte e não só, passar a mensagem que, no seu entender, foi um espectáculo magnífico. “Senti-me honrado e tive a percepção de que o público gostou do que viu.
As salvas de palmas no final do espectáculo perfuraram até às cortinas. Fecharam-se as cortinas e o público colocou-se em pé até ao momento que os actores saíram do palco”, realçou Adilson.
Questionado quanto à percepção que teve do público que não chegou a entrar para assistir ao espectáculo, devido ao esgotamento dos ingressos antes da actuação, referiu que o facto deve-se em grande medida à qualidade do grupo, o que resultou em casa lotada e ingressos esgotados.
Estreia da peça
A peça começou a ser escrita em Janeiro do ano de 2023 e foi concluída em Setembro do mesmo ano, tendo a montagem da mesma iniciado em finas de Setembro, terminando em Fevereiro deste ano.
Foi estreada na passada Sextafeira, 1º de Março, no mesmo recinto, visou entre outros aspectos, mostrar a esta e a geração vindoura, que temos os nossos valores, as nossas histórias e os nossos heróis.
Com sonoplastia de Saddam Curado, iluminação de Chance Elchadai e direcção de Valter Gomes, o espectáculo, com a duração de 1 hora e 15 minutos, teve início às 20 horas, marcou o encerramento do ciclo de actividades daquela instituição cultural e foi testemunhado por mais de 200 pessoas.
Para a referida peça, o Grupo Henrique Artes, conta com um elenco constituído por cinco actores, Adilson Vunge (pai José), Carina Sousa (Sra Fátima), Sofia Lucas (Maria), Suelma Mário (Iemanjá), e José Maria (Feitor Samuel).
O grupo fundado a 26 de Outubro de 2000, por estudantes do Ensino Pré-universitário. Tem na sua galeria vários prémios, dos quais, Cidade de Luanda, com as obras “Meu Enigma”, em 2004, e “Côncavo e Convexo”, em 2008.
Em 2005, ocupou o segundo lugar na categoria de encenação e o de Melhor Actriz, atribuído a Matilde Kabango, do mesmo prémio, entre outros.