O desabafo é de Amador Morais Mulombo Zonda, secretário-geral do Reino do Ndongo, que falava à margem de um ciclo de palestras alusivo aos 354 anos de morte da soberana Mwene Njinga A Mbande, assinalados no dia 17.
POR: Jorge Fernandes
O responsável considerou que é imperativo que o Estado angolano confira mais dignidade aos povos e heróis do Reino do Ndongo e Matamba, designadamente os irmãos Ngola e Nginga A Mbande, que lutaram incansavelmente contra a ocupação colonial portuguesa.
No seu proferimento, Segunda- feira,18, em Luanda, aproveitou apelar ao Estado a reconstruir os reinos, e ainda a construção da cidade de Matamba e Ndongo, a Igreja de Santa Ana da Matamba, o jazigo em que repousam os restos mortais dos reis, bem como o melhoramento das vias que dão acesso ao local. Com a edificação desses projectos, dar-se-ia mais qualidade de vida às populações locais. Aliás, segundo a fonte, uma vez construída, a cidade de Ndongo e Matamba transformar-seia num polo turístico, em abono da sua importância histórico- cultural.
Promessa
Em resposta às inquietações apresentadas, a ministra da Cultura, Carolina Cerqueira, garantiu que consta no plano de governação para o quinquénio (2017-2022) a construção do monumento no Reino do Ndongo em homenagem à Rainha Njinga A Mbande, no âmbito do programa de divulgação e promoção das figuras históricas nacionais. A titular da pasta da Cultura reforçou que à semelhança de outros líderes pan-africanos, como é o caso do nacionalista sulafricano Oliver Tambo, a rainha angolana tem a mesma dimensão e para tal esse desiderato será cumprido.
Palestra
As palestras foram ministradas pela historiadora Luzia de Carvalho, que falou sobre “O legado de Njinga A Mbande na história de Angola” e pelo escritor John Bella, que abordou sobre “A trajectória guerreira de Njinga A Mbande”. Na sua alocução, Luzia de Carvalho salientou que a rainha Njinga A Mbande é um dos maiores ícones da história de Angola, sendo que o seu papel impulsionou várias mulheres na luta contra o colonialismo, a exemplo das heroínas Deolinda Rodrigues e Lucrécia Paim e outras.
Já John Bella, evidenciou a inteligência e patriotismo de Njinga A Mbande, que de forma guerreira e diplomática, soube negociar para a manutenção da paz, apesar de algumas rivalidades promovidas pelo irmão que sempre cobiçou o seu trono. Saliente-se que Njinga A Mbande foi rainha dos Reinos da Matamba e do Ndongo, na actual província de Malanje. Foi baptizada e adoptou o nome português Ana de Sousa, que segundo a história era o nome da esposa do então governador João Correia de Sousa.