Apar destas, o sector cultural registou algumas baixas significantes, quanto ao passamento físico de alguns artistas que muito contribuíram para o crescimento cultural no país. Ao começar, destacamos a inauguração do Centro Cultural Manuel Rui Monteiro, em Janeiro, pelo Presidente da República, João Lourenço, com o objectivo de promover e divulgar a diversidade cultural do país.
O centro cultural, considerado a “Catedral de Artes angolanas”, recebeu o nome do escritor, poeta e político Manuel Rui Monteiro, nascido a 04 de Novembro de 1941, na província do Huambo.
Possui três cine-teatros, com 500, 150 e 100 lugares, respectivamente, duas salas de conferências, um espaço para apresentação de trabalhos de arte, literatura e música, duas salas de artes plásticas e artesanato e uma de exposições, entre outras.
Classificação
Este ano, o sector cultural ganhou novos patrimónios culturais imateriais e materiais, que tiveram por finalidade celebrar o Dia Internacional dos Monumentos e Sítios. Uma acção procedida pelo Instituto Nacional do Património Cultural, através do Ministério da Cultura, foi a inserção da marimba e do quissanje na lista do Património Cultural Imaterial Nacional, no domínio dos ‘Saberes e Ofícios Tradicionais’.
Além disso, foi classificado a património cultural nacional a Igreja da Missão Católica do Cuvango (Huíla), o Colégio de São José de Cluny (Luanda) e a Igreja Metodista Unida de Malanje.
Premiação
“Escrever para lembrar o rei Mandume ya Ndemufayo” é a denominação do Prémio Literário O Prémio Mandume, que esteve na sua terceira edição, com o objectivo de manter vivo o seu legado e cimentar nas memórias da nova geração os feitos desse “destemi- do monarca”.
Além de homenagear e perpetuar o legado do soberano dos Ovakwanhamas, o Prémio visa ainda incentivar a criação literária através de textos em língua portuguesa nos géneros de poesia, conto e artigos de opinião. Neste ano, foi ainda realizada a primeira edição da Gala Máscara de Ouro do Teatro (Galmote), um evento que distinguiu os fazedores desta arte em 15 categorias, celebrando assim o talento e a dedicação dos profissionais.
No presente ano, foram premiados no Prémio Nacional de Cultura e Artes, o músico e compositor Dionísio Rocha na categoria de música, enquanto nas de artes visuais e plásticas foi anunciado vencedor o artista Joaquim Pedro Teixeira, e cinema e audiovisual à produtora Diamond films.
Na categoria de dança, venceu o bailarino, coreografo e professor de dança Pedro Vieira Dias, enquanto o de literatura foi atribuído a Carlos Ferreira “Cassé”. O colectivo de artes “Obama” foi premiado na categoria de teatro, e nas ciências humanas e sociais venceu “A Obra”, os bantus na visão de Manfrano”, memórias de Maurício Francisco Caetano, prémio atribuído a título pós-tumo.
Literatura
“Memórias da Independência”, do jornalista angolano Guilherme Galiano, foi colocado no mercado nacional. O mesmo revela perspectivas subjectivas, episódios mantidos no espaço mais restrito do foro privado, estórias inesperadas, revividas e contadas por um conjunto de personalidades, que, oriundas de diferentes quadrantes políticos e sociais aceitaram partilhá-las num projecto televisivo intitulado “Memórias da Independência”.
Outra obra que foi lançada é a colectânea sobre “Letras sobre as Línguas de Angola”, disponibilizada aos leitores pela Academia de Letras. Possui 237 páginas, repartidas em 12 capítulos, com textos de vários autores angolanos.
A obra organiza- da pelos escritores Paulo de Carvalho e António Quino, patrocinada pela Fundação Bornito de Sousa, reúne textos de autoria de Amélia Mingas, Aníbal Simões, António Quino, Bornito de Sousa, Deolinda Rodrigues, Filipe Zau, Mbiavanga Fernando, Manuel Muanza, Márcio Undolo, Paulo de Carvalho e Virgílio Coelho, com uma abordagem pluridisciplinar a respeito das línguas de Angola.
O centro cultural do Huambo “Manuel Rui Monteiro” acolheu a primeira edição da “Bienal Internacional do Livro África-Angola 2024”, que contou com a presença de cerca de 200 escritores provenientes de diversos países.
O evento decorreu sob o lema
“Uma África unida e sem guerra”, e reuniu escritores provenientes de vários países africanos, bem como do Brasil, Portugal, Reino Unido, entre outros. O objectivo foi difundir o mercado literário angolano para outros países do continente, assim como proporcionar a troca de ideias e visões sobre a lite-
Carnaval
O grupo carnavalesco União Recreativo Kilamba, do distrito urbano do Rangel, conquistou, pelo segundo ano consecutivo, o Carnaval de Luanda, edição 2024, sagrando- se campeão da classe- A, ao alcançar 898 pontos, diante de 12 participantes. Como prémio, o conjunto levou a casa uma quantia de 15 milhões kz.
Em segundo lugar, na classe A, com 864 pontos, esteve o grupo União Mundo da Ilha, sob liderança de Salomão Manuel, levando para casa o prémio de 10 milhões de kwanzas. Já o grupo União Kiela, sob comando de Maravilha Dias dos Santos, conquistou o terceiro lugar ao consumar 790 pontos, devendo levar o prémio de cinco milhões kz.
Exposição de Artes Plásticas
O ambicioso projecto “Tham- bwé”, desenvolvido pelo etno- musicólogo e compositor espanhol David López Sáez, deu maior visibilidade àquilo que é a música da Região Leste do país, culminou com a exposição multidisciplinar, preenchida com fotografia, áudios, vídeos, instrumentos musicais, apresentado no Camões-Centro Cultural Português.
O projecto foi apoiado pelo Procultura, Embaixada de Espanha em Angola e pela Fundação Terra Aberta (Bruxe- las), desenvolvido na província da Lunda-Norte durante dois anos, e teve como base de pesquisa o Museu Regional do Dundo. Outro facto marcante nesta área foi a exposição com obras do icónico pintor espanhol Pablo Picasso, na Casa das Artes em Talatona, composta por 29 quadros de pintura. A mostra levou ao público duas colecções, “A Flauta Dupla” e “O Enterro do conde de Orgaz” e foi ainda apresentada em várias províncias do país.
Separação dos sectores
O isolamento do Ministério da Cultura do sector do turismo ocorrido em Abril, foi um facto que deixou expectante os fazedores de artes. De Filipe Zau e Maria da Piedade de Jesus, os responsáveis máximo deste departamen- to ministerial, se espera a criação de políticas mais específicas para alavancar o sector. Os titulares dos respectivos receberam do Presidente da República, João Lourenço, não apenas a titularidade dos ministérios da Cultura e do Turismo, como também a missão de dinamizar os respectivos sectores, com as atenções redobradas para o Turismo que é um dos elementos-chaves definidos pelo executivo para a atracção do investimento estrangeiro.
Espectáculos
O músico, produtor e compositor Don Kikas brindou o público angolano com um espectáculo que visou celebrar os seus 30 anos de carreira em Luanda. O espectáculo esteve repleto de sucessos e temas marcantes, enquadra-se na 11.ª edição do “Show do Mês”, produzido e realizado pela Nova Energia. O artista angolano Paulo Flores celebrou 36 anos de carreira com uma digressão que passou pela primeira vez nas províncias de Luanda, Benguela, Huambo, Bié, Namibe, Huíla, iniciado em Agosto até o Outubro.
Em 36 destes 50 anos de independência, “fui-nos cantando a nós próprios” e isso também é um motivo de celebração: “É por isso que vamos fazer está digressão, embora a gente saiba que temos muito ainda por alcançar nessa liberdade conquistada”. Paulo Flores é um dos cantores mais populares de Angola. Mudou-se para Lisboa durante sua infância. Começou como cantor de kizomba, lançou o seu primeiro álbum em 1988. As suas canções tratam de temas diversos como o governo, a vida quotidiana dos angolanos, a guerra civil e a corrupção.
50 anos de Independência Nacional
Neste ano, foi lançado o concurso público para a criação de logo- marca e da canção oficial das celebrações do 50.º da Independência Nacional, em que foi vencedor o músico Totó ST, na categoria de canção. Na categoria de logomarca, a grande vencedora foi a empresa Ondaka Limitada. Desta feita, segundo a organização, tanto a canção quanto a logomarca tornam- se assim patrimónios imateriais da República de Angola, cabendo exclusivamente ao governo angolano todos os direitos e benefícios autorais provenientes destas obras daqui para frente.
Mensagem sobre o Estado da Nação O Presidente da República, João Lourenço, ao falar do sector cultural, anunciou a construção de nova Biblioteca Nacional, em Luanda, para além de outras iniciativas que estão a ser estudadas para os diferentes pontos do nosso país.
De igual modo, a conversão do antigo edifício da Assembleia Nacional em Palácio da Música e Teatro e Casa do Artista, cuja conclusão está prevista para 2025. João Lourenço anunciou ainda a requalificação dos antigos Cines Alfa 1 e 2 em Museu do Cinema e das Imagens em Movimento, espaço que servirá como centro de capacitação para os estudiosos e os entusiastas do cinema e do audiovisual, assim como vai acolher a cinemateca nacional (Arquivo de filmes), que viu o lançamento da primeira pedra para a transformação em Julho deste ano. As obras estão previstas a terminar em 2025.
Com vista a preservar a nossa história e ancestralidade, na sequência dos investimentos feitos nos reinos do Cuanhama e do Bailundo, avançou que vão ser construídas Ombalas do Reino do Congo, na província do Zaire, e dos antigos Rei- nos do Ndongo e da Matamba, na província de Malanje.
Direitos autorais e conexos
O Serviço Nacional dos Direitos de Autor e Conexos (SENADIAC) havia suspendido, em Agosto, as autorizações cedidas à Associação Única dos Direitos de Autor e Conexo (AUDAC), à União Nacional dos Artistas e Compositores – SA (UNACSA), que habilitava a realização ao exercício de actividades de gestão colectiva dos direitos de autor, no período de 180 dias, por irregularidade na distribuição dos direitos autorais.
Em causa esteve um conjunto de graves irregularidades no funcionamento das mesmas, no que ao processo de cobrança e distribuição dos direitos de autor e conexos diz respeito. De igual modo, havia sido feito o cancelamento da autorização concedida à Sociedade Angolana dos Direitos de Autores (SADIA), em Setembro de 2019, pelo facto de essa encontrar-se na situação de não exercício pleno da sua função enquanto Entidade de Gestão Colectiva (EGC), há quase dois anos, aliado às graves irregularidades constatadas no processo de distribuição dos direitos autorais.
Por formas a impor à legalidade, o Ministro da Cultura, Filipe Zau, depois de ouvir as organizações. Diante desta situação, a UNAC-SA e a AUDAC recorreram ao Ministério da Cultura. Mediante as alegações apresentadas, viram estas medidas anuladas pelo ministro da Cultura, Filipe Zau, em Outubro. No caso da SADIA, a suspensão contínua vigente.