Com 40 páginas, o livro narra a estória dos pescadores sonhadores da ilha do arquipélago do Mussulo que almejam viajar por outras partes do país, experimentar outras vivências e desfrutar das riquezas naturais e paisagistas que o território nacional oferece, movidos pela vontade de abraçar outros estilos de vida.
Incapacitados de realizar seus sonhos, os pescadores contam a intervenção de um “peixe mágico” que reanima as suas esperanças e convoca um inúmero grupo de gaivotas que se propõem a levar os homens do mar a viajar pelos vários cantos do país sobre as asas das aves, contemplando a vista da ilha e do mar a longas distâncias de altura.
A obra, segundo a autora, é fruto de sua criação imaginária e fictícia, inspirada pela beleza e pelas agradáveis experiências que a mesma obteve das inúmeras vezes que foi visitar a zona do Mussulo, proporcionando-lhe momentos marcantes e memoráveis.
“Quando eu pensei em escrever essa obra, a minha ideia inicial era de partilhar com os leitores as experiências agradáveis que obtive das vezes que visitei a ilha do Mussulo.
Sempre que ia para lá, povoava-me no meu imaginário essa ilha, sobretudo os pescadores, que eu achava que talvez eles gostassem também de viajar, poder conhecer o país num todo e não estarem sempre confinados na ilha, e então surgiu a história na minha imaginação que estava sempre fértil”, contou a escritora em entrevista ao Jornal OPAÍS.
Para a escritora, apesar de ser ilustrativa e fictícia, a obra é convidativa e apelativa, mostrando-se como um “cartão postal” que pode ser útil para atrair turistas àquela ilha muito popular da cidade capital que muito tem a oferecer a quem decide visitá-la e contemplar as suas belezas.
O livro é composto por textos e desenhos ilustrativos com o objectivo de facilitar a compreensão do público-alvo, que são as crianças e pré-jovens, permitindo que estes tenham a possibilidade de associar a escrita às imagens ou desenhos que intercalam variadas vezes os textos.
As imagens ilustrativas, explica a autora, foram feitas pela artista plástica Alzira Simões, directora do projecto LiterArt. Já a edição esteve a cargo da editora ‘‘É Sobre Nós’’ que se está a responsabilizar igualmente pela organização da venda e sessão de autógrafo e, possivelmente, pela distribuição da mesma às livrarias e bibliotecas da capital.
Uma mulher ligada, desde muito cedo, ao ensino e à literatura
Maria Cremilda Martins Fernanes Alves de Lima, artisticamente conhecida por Cremilda de Lima, natural de Luanda, nasceu a 25 de Março de 1940, na antiga província ultramarina portuguesa de Angola. É licenciada em Ciências da Educação na Escola Superior de Educação de Leiria, em Portugal.
É profissional da área de educação e ensino há mais de 40 anos. Professora do ensino primário desde 1977, é uma docente renomada e conceituada a nível da Comunidade dos Países de Língua Portuguesa (CPLP), tendo participado do processo de revisão e reestruturação do ensino em Angola que culminaram com a reforma educativa e a revisão dos manuais escolares.
É membro da União dos Escritores Angolanos desde 1984, contando com vários livros infantis e infanto-juvenis já publicados e considerada uma das mais prestigiadas autoras de literatura infanto-juvenil de Angola.
Prémios
Cremilda de Lima foi nomeada para o Prémio Memorial Astrid Lindgren duas vezes (em 2008 e 2009). O prémio é uma iniciativa do governo sueco e é atribuído como condição pelo mérito distinto na literatura infanto-juvenil.
Em 2008, foi galardoada com o Diploma de Mérito pelo Ministério da Cultura pelo seu incontornável contributo à divulgação da literatura infantil angolana.
Em 2016, venceu o Prémio Nacional de Cultura e Artes na categoria de literatura, onde foi distinguida e reconhecida pelo corpo do jurado, presidido por António Fonseca, como “uma das pioneiras” na literatura infanto-juvenil de Angola.
Obras publicadas Ao longo de mais de 30 anos de carreira literária, Cremilda de Lima publicou dezenas de obras literárias destacando alguns livros como “Tambarino Dourado”, “A Colher e o Génio do Canavial”, “A Kyanda e o Barquinho de Fuxi”, “O Maboque Mágico”, “Tetembwa Ya Dipanda”, (em português Estrela da Independência) em Kimbundu, “O Embondeiro que Queria ser Árvore de Natal”, “A Missanga e o Sapupo”, “O Nguiko e as Mandiocas”, “A Velha Sanga Partida”, entre outras. Conta ainda com vários artigos literários e educativos, assim como antologias e co-participação em vários contos infanto-juvenis.