Depois de ser estreado em Fevereiro e exibido durante dois dias, a peça “A segunda conversão da rainha Nzinga Mbande” volta em cena amanhã no palco do Elinga Teatro, a partir das 19 horas e 30 minutos, para os amantes e apreciadores das artes cénicas
Com este trabalho, que será ainda exibido na Sexta-feira e no Sábado (10 e 11), no mesmo horário, pretende-se transmitir a história desta figura angolana e cativar o espectador para que respeite o “facto histórico” da conversão da rainha.
As exibições programadas para os próximos fim-de-semana, segundo a encenadora da peça, Ana Andrade, foram canceladas, ficando apenas com as antes referenciadas.
Os bilhetes estão a ser comercializados no valor de 5 mil Kwanzas, mas os estudantes deverão pagar apenas 2 mil.
A também dramaturga lamenta o facto de o trabalho estar a ser pouco procurado pela população, apesar de reconhecer que tal facto possa estar associado à pela falta de condições financeiras.
“Acontece que as pessoas não têm dinheiro para poder ir assistir. Ligou-me uma professora a dizer que os estudantes não têm dinheiro, infelizmente.
Muitos deles vivem distante. A contar com o transporte até ao centro da cidade, acaba por complicar no trajecto”, lamentou.
A encenadora reconhece que o público é apreciador desta arte secular, ao mesmo tempo compreende que as suas necessidades básicas contrapõem estas aptidões.
Quanto à produção da peça, contou que “o fundamental do dinheiro tido através dos patrocínios serviu para o pagamento de salário dos participantes no projecto.
” Para a sua realização, como os cenários, luzes, figurinos, foram utilizados materiais reciclados, outros adaptados, com os quais tiveram bons resultados.
“Teatro é isso, é ilusão.
A peça é bonita, quem viu gostou.
Também as críticas são boas.
Se tivéssemos dinheiro faríamos coisas mais luxuosas. Mas como o dinheiro mal chega para o salário, tivemos de reduzir e ser inventivos”, contou.
Com a supervisão artística de José Mena Abrantes, a peça retrata a importância da história da rainha Nzinga Mbande, numa narrativa que transcende o espaço físico de Angola.
Um processo que liga a história da escravatura em África e nas Américas a temas como colonialismo e resistência, género e liderança, poder, religião e espiritualidade.
Um dos episódios cruciais que se leva ao palco refere-se à história do século XVII, um momento de viragem política e social, no território de origem da actual República de Angola.
O período que é abordado referese a meados deste século, quando ocorreram os acontecimentos, registados por testemunhas europeias, em torno da adopção de aspectos do catolicismo por parte da rainha Nzinga, soberana do reino da Matamba, já no final da sua vida.
Sobre a soberana
Chefe poderosa de povos predominantemente ambundos e imbangalas, que viviam ao sul dos domínios do manicongo, rainha Njinga Mbande governou de 1624 a 1663, tendo uma história rica que foi registada com relativa minúcia, principalmente por missionários capuchinhos que actuaram na região de Angola durante o século XVII.
Njinga viveu em tempo de muitas guerras, quando os portugueses se valiam de exércitos imbangalas nas suas tentativas de ocupação do território e nas expedições de captura de escravos.