A tese foi defendida pelo académico, quando dissertava sobre o tema “Visibilidades e Representações Sociais da História, Imagens das Pessoas Africanas nos Manuais do Ensino Secundário em Angola”, no Encontro de Estudos Contemporâneos Angolanos.
O responsável explicou que o estudo fez a análise de três manuais do I ciclo do ensino secundário (7.ª, 8.ª e 9.ª classes), focando-se no modo como os africanos são representados nos da Texto Editora 2018, e lamentou o facto de as narrativas subalternizar o papel social das pessoas africanas.
Detalhou que a maioria das imagens sobre pessoas africanas constantes nos manuais em análise está ligada ao tráfico de escravos e à escravatura.
Segundo Jacob Cupata, as narrativas em torno das imagens subalternizam o papel social das pessoas africanas, porque nas referidas imagens sequer são nomeadas, não têm voz, são retratadas como mercadoria, mão-de-obra nas grandes plantações agrícolas e na exploração de minerais.
Sublinhou que das poucas imagens de pessoas nomeadas fazem referência às políticas ligadas ao nacionalismo e diplomacia, tais como Senghor, Boingny, Apithy, Nkrumah e Mandelai, os reis D. Nicolau, Nzinga Mbandi e João I do Congo, os resistentes ao tráfico de escravos e à escravatura Sengbe Pieh e Tereza de Benguela, bem como o historiador Joseph Ki-zerbo, que apesar de terem rosto e nome, não têm voz e seu papel é pouco exaltado.
“É necessário a construção de uma história mais plural, onde as narrativas orais e as diversas formas de arte têm um papel decisivo e o cruzamento de fontes escritas de diferentes proveniências, a exemplo dos arquivos transnacionais e na indisponibilidade de fotografias pode ser colmatada com desenhos e outras ilustrações, trazendo para a esfera pública personalidades africanas”, elucidou.