A obra organizada pelos escritores Paulo de Carvalho e António Quino, patrocinada pela Fundação Bornito de Sousa, reúne textos de autoria de Amélia Mingas, Aníbal Simões, António Quino, Bornito de Sousa, Deolinda Rodrigues, Filipe Zau, Mbiavanga Fernando, Manuel Muanza, Márcio Undolo, Paulo de Carvalho e Virgílio Coelho, com uma abordagem pluridisciplinar a respeito das línguas de Angola.
A mesma aborda, entre vários temas, a relação entre a língua e a sociedade, a literatura, o bilinguismo e a educação bilíngue. Em declarações à imprensa, o ministro da Cultura, Filipe Zau, presente no evento, lembrou que o regime colonial introduziu os seus idiomas ou línguas na escolarização e função administrativa, bloqueando, naturalmente, o desenvolvimento das línguas autóctones.
O dirigente do sector cultural no país referiu que as identidades dos grupos etnolinguísticos angolanos resistiram às políticas assimilacionistas e que, hoje, ao nível do discurso pedagógico, já se entende que uma maior promoção e difusão do português, como língua oficial e de escolaridade, passam necessariamente pela cooperação entre a língua portuguesa e as africanas predominantes no país.
Promover debates
Por sua vez, Paulo de Carvalho referiu que a obra “Letras sobre as línguas de Angola” é o primeiro livro da colecção da Academia Angolana de Letras, lançado com objectivo de provocar debates sobre a convivência entre várias línguas de Angola.
“Existe uma língua oficial e várias línguas que não são oficiais, mas que são línguas maternas de uma grande parte dos habitantes.
Então, é possível também que, a nível da política do Estado, se redefina o papel das línguas nacionais”, disse. O escritor disse que a Academia de Letras apresenta várias sugestões relacionadas com a possibilidade de haver mais de uma língua oficial em Angola, seja a nível nacional ou por regiões.
Na ocasião, o professor Mbiavanga Fernando, que participou da elaboração do livro, avançou que a obra aborda questões da língua e traz a unificação e discussão em torno do desenvolvimento desta.