O festival que foi idealizado para homenagear, a título póstumo, o director, encenador, dramaturgo e actor, Afonso Diniz, conhecido nas lides artísticas como Amankwah, até ao dia 13 do referido mês, pretende reunir membros da classe, e não só, que se revejam nesta iniciativa que tem a produção do grupo Amazonas Teatro.
Entre os participantes, no primeiro dia, vai subir ao palco o grupo de dança Kupolo Njila, o Coral Pela Harmonia, o humorista Osvaldo Moreira e haverá ainda a exibição da peça “Filhos da Pátria”, da Companhia Kulonga. Nos próximos dias, com uma exibição diária, vão exibir-se o Miragens Teatro com a peça “Coro Sagrado”.
O Enigma Teatro vai apresentar-se em palco através da peça “Casados e Cansados”, assim como a contação de história “Eu sou feio” com Beto Cassua, o Affrotheatro através da peça “A Visita”, o Ombaka, proveniente de Benguela, com “Meu amor da rua 11” e o Amazonas, novamente, que vai encerrar as exibições com “O Sexto andar”.
Garcia Cordeiro, coordenador do festival, avançou que as peças a serem exibidas possuem temas variados, já exibidas noutros festivais, em várias ocasiões, escolhidos pelos conjuntos para a apreciação dos cidadãos.
Sublinhou que, nesta 1ª edição, os grupos foram convidados pela organização, a JTC Produções e o grupo teatral Kulonga, por terem uma ligação forte com o homenageado, e que, de alguma forma, estiveram sempre nos vários momentos.
“Em termos gerais, as peças retratam o quotidiano de Luanda e de Benguela, área residencial dos conjuntos. Esses são os grupos que aceitaram o nosso convite, foram esses os seleccionados que vão doar e criar os seus espectáculos para o festival. Essa é a primeira edição e vamos fazer sempre, todos os anos, no mesmo período”, contou.
Acção formativa
Garcia Cordeiro deu a conhecer que o festival prevê ainda a realização de acções formativas, no quintal da LAASP, com a exposição de artigos diversos. Obras direccionadas às artes cénicas, como livro de José Mena Abrantes (jornalista, dramaturgo, director e escritor de ficção, teatro e poesia), assim como de Tony Frampénio (também escritor, encenador e presidente da Associação Angolana de Teatro) vão estar patentes para a apreciação dos cidadãos.
A iniciativa
A par de promover as artes cénicas no país, o festival, explicou, surge com a intenção de homenagear o Afonso Diniz, que foi director, encenador, dramaturgo e actor durante 24 anos, tendo falecido em 2022. Depois da sua morte, referiu, pretendiam perpetuar o nome e o legado de Amankwah, que agora vai ser concretizado com o presente evento.
Para maior compreensão e divulgação do seu legado, serão exibidos uma série de documentos, como guiões de peças teatrais. O seu talento no campo musical também vai ser evidenciado, com a interpretação das suas composições musicais por parte de outros artistas.
“Em termos gerais, é mais ou menos isso que vamos ter. Vamos ter um dia, no sábado, antes do espectáculo, vamos criar uma actividade a falar sobre a vida e obra do próprio Amankwah, com convidados específicos. Vamos falar sobre o seu trajecto artístico. Então, é mais ou menos isso que nós estamos a preparar para homenageá-lo”, descreveu.
O homenageado
Afonso Diniz era um apaixonado pelo teatro, modalidade artística na qual conquistou vários troféus. Professor e repórter, “Amankwah”, como era conhecido artisticamente, foi eleito o Melhor Actor no Festival de Teatro do Cazenga, em 2013.
Foi vencedor em duas edições do prêmio de Teatro Cidade de Luanda, em 2002 e 2004. Foi um director artístico e encenador no grupo Kulonga, um dos mais titulados de Angola escreveu mais de 20 peças de teatro Detém dentre outros prémios, o de Melhor Texto, Melhor Espectáculo de Drama e o terceiro lugar no Festival Internacional de Teatro de Ubá, em 2015, com a peça “Loucura de Barriga Vazia”, no Estado de Minas Gerais, no Brasil, na primeira participação de um grupo estrangeiro na iniciativa.
A peça, levada à cena em 50 minutos, retrata a vida de um actor que se sente incompreendido pela mulher e pela sociedade. Numa actuação notória de Afonso Diniz “Amankwá”, que na peça desempenhava o papel do jovem dividido entre o amor pela mulher, interpretado por Letícia Kambovo, e a paixão pelo teatro. Na peça, a mulher quer que o marido abandone o sonho de ser actor, porque o teatro não dá dinheiro.
O espectáculo foi montado com o objectivo de mostrar ao público as dificuldades vividas pelos artistas em Angola, em especial os do teatro. “Viver da arte ainda requer sacrifícios, ainda não se ganha o suficiente para poder sustentar a sua família e esta é uma realidade desconhecida por muitos”, assim justificou Afonso Diniz “Amankwá” sobre a peça, no ano em que foi apresentada no Brasil.