O director da MTF Southern Africa Academy, Chris P., considera que a indústria cinematográfica e televisiva se revela como um espaço crucial para a transformação das questões de gênero, especialmente na África.
Segundo o responsável, ao falar neste mês dedicado à mulher, esta indústria está representada pela MultiChoice Talent Factory (MTF), uma rede de academias de formação que actua em Lusaka (Zâmbia), Lagos (Nigéria) e Nairobi (Quênia) que destaca o papel essencial da educação cinematográfica no empoderamento feminino.
Em Angola, disse o Chris P, não é uma excepção, com duas mulheres, cujo impacto da formação começou a fazer-se sentir com o prémio de melhor curta-metragem do Doc Luanda com o filme “Olha e verás” que retrata a negligência que mulheres grávidas e surdas sofrem nas unidades hospitalares e a necessidade de intérpretes de linguagem gestual nestas instituições para garantir não apenas uma maior inclusão, mas também um atendimento de maior qualidade.
Já Nazaré Gaspar, mais conhecida por Nark, fundou uma plataforma, Nkentu Colectivo, com o objectivo de dar formação e criar oportunidades de networking para impulsionar as mulheres a serem mais bem-sucedidas no meio audiovisual em Angola.
Recentemente, em parceria com o Goethe Institute, o projecto formou 15 jovens profissionais das indústrias criativas em Oficina Canva e Google Workspace.
Chris P. avançou que a MTF tem sido fundamental na capacitação de cineastas, com a oferta de cursos totalmente pagos e com duração de um ano sobre os fundamentos da produção cinematográfica e televisiva.
O mais interessante, conta, é o facto de as mulheres estarem bem representadas, tanto na formação quanto nas realizações dos projectos.
“As alunas representam consistentemente cerca de 50% do nosso grupo de estudantes. O mais importante é que elas tenham liberdade para se expressar como roteiristas, directoras e produtoras. É assim que as vozes femininas se tornam predominantes na indústria”, explicou.