Há três anos a dirigir a Brigada Jovem de Literatura de Angola (BJLA), no caso, o terceiro presidente da associação, fundada em 1987, Carlos Pedro defendem que os prémios não podem substituir os apoios que se deve dar às instituições existentes, que tornam a literatura angolana viva. A brigada possui agora uma nova dinâmica, devido as várias actividades realizadas em todas as delegações provínciais com fim único: preparar os jovens escritores para a criação das suas
Vai terminar o seu mandado, de quatro anos, em Novembro deste ano. Neste tempo, qual foi a dinâmica que deu à BJLA?
Inúmeras actividades. A primeira coisa que nós fizemos foi tornar a BJLA legal, porque ela não tinha ainda personalidade jurídica. Assim o fizemos e já está devidamente publicada em Diário da República, tem certificado de agregação a partir do Ministério da Justiça.
E depois, como a BJLA no âmbito dos seus estatutos é de âmbito nacional, percorremos às 18 províncias, e onde havia não havia a brigada funcional tornámo-la funcional.
Hoje temos a BJLA viva nas 18 províncias do país. Dentro do outro projecto que norteiam as nossas actividades culturais destaca-se o programa “Encontro inter-geracional”, entre a velha e a nova geração, no sentido de transmitir algumas experiências, aquilo que chamamos o legado; convidando sempre alguns escritores consagrado, já com um percurso aceitável, para falar com os jovens.
Neste caso, são vários os projectos que têm envolvido os jovens no mundo da literatura?
Sim! Temos ainda o projecto “Excursão literária: Vamos descobrir Angola”, onde levamos os jovens a visitar monumentos, paisagens naturais, porque é importante que tenham conhecimento sobre a história, sobre a cultura, sobre o potencial do nosso país, para que no processo de criação todos estes elementos entrem na sua abordagem literária. Isso porque a literatura é identidade.
Então, é importante que o escritor jovem, sobre tudo, tenha isso em mente. Dai criar esta estratégia da excursão literária para conhecer Angola nas suas abord a g e n s , tal como fez Boavent ura Cardoso na obra Dizanga Dya Muenho, José Luandino Vieira, no livro Luuanda, Uanhenga Xito, entre outos.
Têm sido solicitados por jovens escritores para fazer parte desta associação?
Todos os dias recebo mensagens de jovens que queiram fazer parte, até mesmo daqueles que queiram publicar os seus livros, ter alguma orientação dos seus trabalhos, dos seus escritos. Então, são muitas solicitações.
A ideia, muitas vezes, de alguns jovens, é de chegarem à brigada e quererem já publicar os seus livros, quando há muito trabalho a se fazer.
Nós enquanto associação temos um estatuto que orienta a nossa linha editorial. Há todo um processo.
Mas está aberto, para ser membro da BJLA não é preciso que tenha livro ou escreva; basta ser leitor.
Disse que estão nas 18 províncias do país. Como actuam nestas localidades?
Temos alguns projectos orientadores que foram aqui sublinhados, incluindo o denominado “Literatura no feminino” para o empoderamento da jovem mulher escritora, já que temos pouquíssimas.
Temos este programa de incentivo à escrita… até temos poucas, não no sentido de que não haja jovens escritoras, mas no sentido de ir busca-las do anonimato e trazer para nós, e naturalmente publicar.
Isso porque a vida da jovem mulher em Angola, como um país africano, é ainda um pouco restrito porque cuidam da casa, dos estudos, da vida profissional e ficam com pouco tempo para os espaços culturais. Então, é preciso trazê-las cada vez mais.
Podemos assim considerar que é um dos grandes objectivos da BJLA envolver a mulher no seu seio?
Temos um compromisso muito grande, que é a emancipação da mullher no mundo literário, bem como também a produção de literatura infanto-juvenil, porque ainda existe poucos escritores que escrevem para crianças.
E se entendemos que é de criança que se começa o gosto pela leitura, devemos também incidir ai o nosso foco.
Dai que temos o projecto de literatura infantil “Roda de contos tradicionais à volta da fogueira”. Aqui cada escritor terá de criar ou rebuscar alguns contos, nos encontramos à volta da fogueira e cada um vai contando.
Isso estimula também a criatividade do jovem escritor, no sentido de que, no processo da sua criação, produzir essas obras para as crianças, que a sociedade angolana tanto precisa.
Com estas acções procuram aproximar as crianças ao mundo da literatura…
Exactamente! Queremos com isso aumentar o nível de literacia. Normalmente o talento começase a descobrir a partir da leitura.
Não tem como um individuo ser um bom escritor sem ler. Um bom escritor começa a partir da leitura. É da leitura que vai ter contacto com os conteúdos dos livros e pode acabar por se inspirar, e tornarse num bom escritor, contador de histórias, ensaísta, declamador, ou até mesmo um crítico literário.
Então, nós achamos que começando educar as crianças com actividades literárias, desde cedo, ela torna-se num adulto com uma competência linguística de leitura, de análise e mesmo de experiência de valor, já que a obra literária tem como fim último a moralização.
Por mais que ela tenha, o escritor vai construindo as suas aventuras, as suas habilidades, o fim último é educar. Não pode existir uma outra literatura que não educa, que destrói.
Mas há essa participação dos pais, em levar os filhos a estas actividades?
Nós estamos numa sociedade muito apressada, por vezes os pais deixam os filhos e pedem para assinar um termo de responsabilidade e nós cuidamos das crianças.
Para nos ser mais fácil, pegamos os escritores com os livros e vamos até às escolas do ensino primário, assim como nos lares de crianças. Ai torna-se muito mais fácil.
Dizer que os nossos projectos são uniformes; quando acontecem aqui em Luanda ocorre em simultâneo noutras províncias.
Cada delegação Pode fazer uma actividade, de acordo com a sua realidade, mas mensalmente tem que projectar uma com este programa.
Nos lares de acolhimento, como tem sido poder interagir com essas crianças, levar momentos de aprendizado e entretenimento?
Mediante as conferências sobre actos de leitura, cotação de histórias recriadas e música, essa é a nossa estratégia de actuação.
E, naturalmente a oferta de livros com imagens para captar a atenção das crianças. São actividades realizadas desde 2019, e já passamos mais de 23 espaços a nível nacional.
Por vezes, conforme disse, sem algum sucesso por haver resistência dos pais.
Dai a estratégia de ir até às escolas, aos centros. E, por vezes, também, há períodos em que as crianças estão em aulas.
Enfim, é sempre uma questão de solicitação, da gente ter contacto com as crianças e autorização por parte da direcção da escola, dos centros infantis ou dos lares.
Falou sobre o encontro inter-geracional. Será que temos os jovens em encontros com os escritores consagrados a interagirem?
Tem sido muito proveitoso. Tivemos o primeiro encontro em 2019 com o escritor e crítico literário, fundador da BJLA, Luís Kandjimbo, o António Fonseca, também escritor e crítico, o actual PCA do Memorial António Agostinho Neto.
A Irene Neto que participou via zoom, José Luís Mendonça, Conceição Cristóvão, que foi o primeiro secretário-geral da brigada, para transmitirem aos membros e aos demais jovens escritores qual foi o espirito que fez com que criassem a BJLA. Também, quais os passos inovadores que podíamos dar.
Como foram esses encontros?
Foram encontros muito proveitosos, aconteceu na Mediateca de Luanda. Tivemos ainda neste espaço o escritor Boaventura Cardoso, que nos falou da sua experiência. Tivemos o Lopito Feijóo, Amelia da Lomba.
A BJLA tem membros que são escritores e trovadores. Então, tivemos também o Santocas, que durante um bom período, das independências, andou a produzir música de orientação à sociedade, naquela altura que era necessário lutar contra o colonialismo, resistência cultural.
Foi também passando a sua experiência aos jovens trovadores, que independentemente da sua criatividade teve que compor com dados ligados a nossa terra, como Paulo Flores e Damásio.
Esses patriotismos na música e na literatura é muito bom, porque não deixam de ser um instrumento de educação.
Essa passagem de testemunho tem de facto contribuído nas abordagens dos jovens escritores?
Sim? O resultado de um jovem escritor é a publicação da sua obra, o conteúdo do que ele vai lançar.
A BJLA produz actividades literárias, mas o fim último é lançar jovens escritores com livros.
A preparação dos jovens escritores é mesmo nestes espaços, das visitas, dos contactos com os escritores já consagrados.
Tudo isso interfere no seu processo de criação. Fim último, depois, cada membro tem de apresentar o seu manuscrito ao nosso banco de dados.
Por exemplo, quando chegava patrocínio tínhamos que correr aos que têm uma obra. Isso depois dava um processo de desorganização.
Então, decidimos, depois de todo processo, que devem remeter os seus manuscritos para análise. Tem que passar no crivo e depois da análise fica no banco de dados.
“De 1987 até 2019 não houve eleições na BJLA”
Como é feita a selecção dos rascunhos no banco de dados para posterior publicação do livro?
Quando temos alguns valores, se o patrocinador quer uma obra de literatura infantil ou de contos, é lá onde vamos buscar para publicar.
Neste âmbito, foram publicadas este ano e no ano passado obras poéticas de mais de 10 autores, nas várias províncias do país, como de Benguela, Cuanza Norte, Huambo, Cuando Cubango.
Isso para que sejamos mesmos a BJLA, senão muitos deles se frustram e fica aquela polémica que os de Luanda têm mais oportunidades.
Muito deles com mais de 20 anos de estradas viram as suas primeiras obras a serem lançadas. Muitas destas obras foram lançadas no âmbito do Centenário de Agostinho Neto.
As publicações dependem dos apoios que possam surgir. Temos ai os rascunhos, mas ficamos apenas pelas actividades por falta de apoio financeiro.
Essas publicações são apenas feitas com os membros da BJLA?
O nosso objectivo não é só publicar os nossos membros, mas todos aqueles jovens que têm qualidade, porque a BJLA é da sociedade. Há ainda uma colectânea que reúne vários jovens, que nunca viram os seus textos publicados em jornais ou em livros.
As antologias facilitam, porque entram vários jovens escritores. Portanto, esta tem 189 páginas e deve ter por ai 50 jovens escritores.
Daqui nós temos o controlo. Temos aqui a inauguração de muitos autores. Nós vamos acompanhar a evolução deles, o esboço que ele vai nos entregar e se houver patrocínio para publicar uma obra a solo, em função do que ele nos entregar, então, olhamos para aqui e tiramos.
Temos mais de 30 rascunhos. Começamos sempre com os novos valores em antologia, depois sai para um livro próprio.
Esta é a grande estratégia de edição que encontramos para que o jovem não fique mais de 20 anos sem nenhuma publicação, por falta de condições financeiras, e depois acabam por desistir.
Pelo que notamos, a falta de patrocínio tem condicionado o lançamento das obras destes jovens escritores, que mesmo com os esboços veem-se de mais atadas?
A brigada é uma associação literária sem fins lucrativos. Ela depende de si própria, muito embora o Estado tem essa responsabilidade com jovens que escrevem, no sentido de apoiar, mas a visão do Estado, por agora do Ministério da Cultura, é que os jovens escritores saiam dos prémios.
Tem ai o prémio António Jacinto, de Literatura, para novos escritores. Tem o prémio Sagrada Esperança, há ainda o prémio Sonangol, também tem revelação para jovens escritores, o Jardim de Literatura Infantil.
Então, o Estado acha que o jovem que tem que ser apoiado por Ele deve sair do prémio. Ou seja, nos prémios sairá os bons escritores.
É uma estratégia, mas na verdade é que por vezes os vencedores destes prémios desaparecem, porque não têm militância literária, porque muitos vão apenas caçar esses prémios.
Os membros da brigada têm participado nestes prémios?
Para mim, os prémios, não vou dize que sou critico, são bemvindos, mas eles não podem substituir o apoio que se deve dar àquelas instituições existentes, que tornam a literatura angolana viva.
Falo da União dos Escritores Angolanos, a Academia Angolana de Letras, o Chá de Caxinde, a própria BJLA, o Lev’Arte, Literagris.
Se se retira essas instituições não haverá movimentos literários. E, a edição de um prémio anualmente não é capaz de tornar o movimento literário acesso. Isso faz-se ao tornar as instituições de utilidade pública, com apoios financeiros.
Por exemplo, estamos num país em que se fala sobre a moralização da sociedade e não deve ser apenas de boca à orelha. Tem que ter um instrumento de trabalho, tem que ter um produto visível.
Com o real funcionamento desejado destas instituições, que contributo daria à sociedade?
O livro é uma fonte de conhecimento para a moralização da sociedade. A BJLA, tal como no passado, aquelas histórias de Ngangula para a construção do homem novo.
Nós pretendemos conteúdos que orientem a juventude a empreender, a buscarem os seus potenciais e, a partir deles conseguirem ser prósperos.
E não olharem sempre para o Estado, já que há a ideia de que o Estado não emprega todos, e quem emprega é o sector privado, que por vezes anda com os cofres vazios.
Então, de que forma é que vamos fazer com que o jovem angolano olhe para si próprio, busque o seu potencial e através deste torna-se um homem de sucesso?
De que forma? Nós queremos que vocês orientem os vossos jovens a escrevem sobre isso, e a gente vai escrever. Até hoje em dia há muitas obras de motivação. Então, está ai, essa é a actividade do jovem escritor.
Esta a falar de motivações…
Sim! Este jovem escritor que vai escrever vai se tornar útil, porque vai ver que está a fazer um grande trabalho em prol de outros jovens.
Os outros jovens consumidores desta literatura também vão descobrir o seu potencial e vai marcar passos significativos e, naturalmente, vai prosperar. Se não, vamos mesmo achar que trabalhar é para o Estado, e como não é suficiente vamos sempre ter ondas de manifestação por falta de emprego.
De quê é que a BJLA sobrevive?
De quotas dos membros. Cada membro contribui com mil kwanzas por ano. Mas, nós temos os nossos parceiros, pessoas individuais e colectivas, com eles vamos materializar as nossas estratégias.
Tanto é que em 2019 achamos que ainda não tínhamos condições de cobrar quotas a ninguém, porque não tínhamos ainda dado resultados. Agora, com os resultados, podemos começar a cobrar.
Como avalia o custo de produção de livros no país?
Temos por ai quatro a cinco gráficas que são muito caras e não oferecem a mesma qualidade que o Brasil oferece, na qualidade do material.
O Brasil, do ponto de vista gráfica é mais diversificada, tanto em Portugal. Logo, os custos de produção são muito mais baratos.
No Brasil temos lá os nossos parceiros, que facilita na produção de livros. Este país, depois, abre sempre às portas para o apoio não só aos jovens brasileiros, mas também aos jovens africanos.
Estive lá várias vezes, participei em festivais com o apoio do próprio governo brasileiro.
Nestes eventos também conseguimos expandir o network. Podes encontrar editoras e gráficas muito mais baratas, agências que podem trazer os livros a preços muito mais baratos. Enfim, todo este despoletar.
Falando ainda sobre produções, quais são as que pretendem realizar nos próximos meses?
Este ano acabamos por apresentar, em parceria com a Fundação Dr. António Agostinho Neto, a obra poética completa do Poeta Maior pós centenário, que reúne “Sagrada Esperança”, “Amanhecer” e “Renúncia Impossível”.
Em todas as províncias a BJLA foi a entidade organizadora do evento. Terminada esta fase, vamos continuar com o nosso programa decorrente, que são os encontros.
“Nas outras províncias os jovens estão mais cedentes à literatura”
Os jovens nas outras províncias têm aderido em massa à brigada?
Lá até com mais fluidez. Nas outras províncias os jovens estão mais cedentes à literatura porque, comparando com Luanda, o número de biblioteca são muito poucas, o contacto com os escritores consagrados ao vivo também são poucos.
Os escritores vivem mais aqui, e mesmo quando lançam as suas obras ocorre mais na capital. Por vezes é muito honoroso ter que ir lançar noutra província, com condições de hospedagem, mas é um compromisso porque o leitor não vive apenas em Luanda.
E mesmo em Luanda, não só nos centros urbanos, mas também no Icolo e Bengo, nas zonas recônditas, existem leitores.
Então, há essa carência que faz com que eles, no pouco que têm aproveitem. Nós temos o projecto “Biblioteca comunitária – geração que lê”, onde, num espaço, jovens poetas, escritores e trovadores, pegam num livro e vão lendo, vão debatendo; fazem leitura e interpretação de texto.
É ai onde eles começam a compreender, a descodificar os fenómenos literários, consumir o conteúdo dos livros que, naturalmente, interfere no seu processo de criação.
Para além do Icolo e Bengo, quais as outras regiões que o projecto já foi realizado? Em Cabinda estivemos na comuna de Massabi, na fronteira.
Em Luanda estivemos em Calumbo, e vamos andando. Ele é mesmo móvel. As delegações municipais agem neste sentido, de ficar em contacto com os leitores.
Mesmo nas ruas realizam recital de poesia ao ar livro, contação de história. Aqui é a mesma coisa. Nós não saímos daqui para outras províncias.
Os delegados locais têm a responsabilidade de levar esta biblioteca, assim como outros eventos nos outros municípios.
Aconteceu uma, recentemente, no Porto amboim onde, por intermédio do relatório de alguns vídeos enviados consegui ver os jovens a declamar, a discutirem.
Tem sido muito proveitoso. Acho que, ai onde não tem biblioteca física, com esta biblioteca comunitária torna o jovem mais próximo dos livros, à semelhança das bibliotecas despadronizadas que existem.
Muito embora estes carecem de alguma orientação, porque livro é informação e deve ser muito bem tratada, bem cuidada.
Que orientação estas bibliotecas despadronizadas, nas comunidades, criadas pelos cidadãos, merecem?
O objectivo não é se desfazer destes jovens, mas sim instruir.
Colocar sempre uns elementos ai a mais… enfim, devia-se reformular. Por exemplo, eu já estive nesta, que funciona debaixo da pedonal, em Viana, e tinha aconselhado o jovem para que a biblioteca tivesse um padrinho, um escritor, para que mensalmente, por indicação dele, convidasse um escritor para falar. Por isso é que na vida, na educação temos professores.
Só o livro consigo, verão dificuldades na capacidade de interpretação.
Há pessoas com mais experiências que podem facilitar essa abordagem, e ali naturalmente os jovens crescem, para entenderem que literatura é algo mais abrangente.
E é muito mal, errado quando se interpreta mal o autor. Já ouve debates nas rádios de um jovem escritor, até muito bem dado critico, fez análise de um livro e a escritora aborreceu-se e com ele. Então, por vezes há essas incompreensões.
Mas, na verdade é que, quando um escritor decide lançar um livro, torna-lo publico, ele tem que estar sujeito a analises e criticas. Porque existem pessoas peritas para isso.
“Ser membro de uma instituição é estar no dia-a-dia com esta instituição”
Têm uma sede onde realizam as vossas actividades? A nossa cede é na casa da juventude, em Viana. Mas também é um espaço que o Ministério da Juventude e Desporto deu, porque não temos propriamente um espaço.
Nós, quando queremos reunir estamos sempre na Mediateca 28 de Agosto. São dois espaços privados.
A brigada como movimento começa nos anos 80, de depois de mais de 30 anos ainda não possui uma sede. Como vê essa situação?
A brigada como movimento começa nos anos 80.
Ela vai surgir de forma aleatória. A de Luanda foi fundada a 5 de Julho de 1980. Então, havia uma preocupação, de organização.
Foi assim que no dia 21 de Novembro de 1987 reuniu-se a assembleia, junta-se as brigadas e elege-se a Conceição Cristóvão como o seu primeiro secretário-geral.
E porquê é que a BJLA só foi legalizada agora?
Já houve muita polémica em torno disto. Mas, não sei. Talvez a antiga direcção, não sei se vai ser conveniente para eles falarem disso.
Mas, na verdade é que desde 1987 os estatutos antes, é agora que nós actualizamos, diziam que as eleições de renovação de mandatos deviam ser de dois em dois anos. Desde 1987 até 2019 não havia eleições, nem nada.
Mas isso não justifica o facto de ficar 30 anos sem realizar eleições, sem publicar livros para os seus membros, que era brigada nacional, mas era só pelo nome.
Mas também não devia ter uma sede para a realização das vossas actividades, uma vez que agrega jovens de todo o país?
Ela deve ter sede, e isso como é filantropia o Estado tem que apoiar. Mas, do ponto de vista de gestão, enquanto se aguarda pela sede e de outras coisas, ele tem que continuar a movimentar, tem que continuar a trabalhar.
É o seu trabalho que vai impactar à sociedade. Esse mesmo impacto vai chegar a outras pessoas que vão dizer que a brigada é uma associação a quem contar, porque faz, é dos jovens, publica livros. Então, merece esse apoio.
E actualmente, como será a periodicidade para a realização de assembleias?
Este ano, em Novembro vamos já realizar a assembleia de renovação de mandatos, que é de quatro em quatro anos.
Este ano vamos cumprir os quatro anos, a 21 de Novembro. Nós actualizamos, de acordo com a realidade da própria brigada, que dois anos não seriam suficientes para nada. Já convocamos a assembleia para a renovação de mandato.
Já estamos a passar a menagem: Mas, do ponto de vista formal o estatuto nos diz que se deve publicar a convocatória dois meses antes do fim do mandato.
Deste 2019 temos estado a fazer o nosso trabalho, a publicar obras, com apoios ou sem apoios, mas sustentamos o Centenário de Agostinho Neto que é nosso patrono, nosso compromisso. Então, nós vamos naturalmente continuar.
Quem são na verdade os membros da brigada?
Estamos também a falar dos autores consagrados? Nós actualizamos o estatuto. Ser membro de uma instituição é estar no dia-a-dia com esta instituição.
Nós, este ano realizamos o “encontro nacional do brigadismo literário”, no Huambo, onde levamos todos os delegados provinciais, mais alguns membros de direcção.
Uma das questões que estava em agenda é esta: até que ponto um membro que tem três livros, já é consagrado, que até é membro da União dos Escritores Angolanos, da Academia Angolana de Letras, do Chá de Caxinde é útil para ficar membro da BJLA que é uma instituição, cujo objectivo é lançar livros dos jovens principiantes, formar os jovens principiantes, até que ponto?
Então, vimos que estes membros passam a ser membros honorários e fundadores.
Não podem ser membros efectivos, se não cria uma confusão. Então, os membros efectivos são os jovens.