Sob lema “Uma África unida e sem guerra”, o evento prevê reunir escritores provenientes dos 54 países africanos, bem como do Brasil, Portugal, Reino Unido, entre outros. O organizador do evento, o escritor Nituecheni Africano, pseudónimo de Eugénio Afonso Gaspar, acredita que o mesmo vai promover o intercâmbio cultural entre os diferentes artistas e, por outro lado, a cultura da paz e união entre os povos do continente berço.
Segundo a fonte, a Bienal Internacional do Livro tenciona difundir o mercado literário angolano para outros países do continente, assim como proporcionar a troca de ideias e visões sobre a literatura africana entre os vários autores que se vão juntar na cidade do planalto central.
Em declarações ao jornal OPAÍS, Nituecheni sublinhou que o evento pretende proporcionar aos escritores nacionais a oportunidade de exporem os seus trabalhos para um público internacional e a trocar experiências com outros fazedores da mesma arte, permitindo a expansão do mercado literário nacional além-fronteiras.
“Esta Bienal visa recolher e dar oportunidade a todos os escritores a nível nacional e internacional de poderem exibir os seus trabalhos ao mais alto nível do continente e poder partilhar experiências e conhecimento com outros escritores que estarão reunidos num só sítio por 12 dias”, disse o responsável. Nituecheni Africano adiantou que, além da literatura, o evento vai contar com outras atracções artísticas, tais como música, dança, artes plásticas, teatro, artesanato…
O organizador fez saber que até ao momento mais de 60 escritores já confirmaram suas presenças, por meio da inscrição no site da organização, sendo 38 escritores africanos e o restante de outros continentes. Homenagens e distinções Nesta edição inaugural do evento que, pela primeira vez, acontece em África (tem sido habitualmente realizado no Brasil), estão reservados momentos que prometem ser marcantes, como as sessões de homenagens e distinções.
Segundo a organização, serão homenageadas figuras individuais e colectivas, cujos trabalhos têm representado um importante contributo para o crescimento e desenvolvimento do mercado literário africano. Entre as figuras a serem homenageadas, destacam-se algumas individualidades angolanas, como o escritor Manuel Rui Monteiro, cujo nome foi atribuído ao local que acolhe o evento; a Mayamba Editora, que é a mais antiga editora privada de Angola, que até ao momento continua no activo, e o escritor e jornalista José Luís Mendonça, cronista e pesquisador cultural.
“Queremos aproveitar este evento para homenagear aqueles escritores ou editoras que, há mais de 20 anos, vêm dando o seu contributo pela literatura africana, em particular angolana. Mas também é uma forma de fazer com que a África conheça os trabalhos destes grandes escritores”, ressaltou.
Promovendo a paz e união entre os povos
Apesar de ser uma bienal literária, nituecheni Africano sublinhou que o evento pretende cultivar igualmente a cultura de paz, união e reconciliação entre os povos do continente, uma vez que Abril é celebrado o mês da paz e da reconciliação nacional em Angola, por esta razão foi escolhido o lema “uma África unida e sem guerra”.
“Escolhemos este lema devido aos conflitos que vêm surgindo em alguns países do continente, e com este evento vamos poder também sentar e discutir sobre as possíveis soluções para pôr fim às guerras, dando o nosso contributo por meio da literatura, porque o livro tem esta capacidade de moldar o pensamento das pessoas”, frisou.
Acrescentou ainda que, propositadamente, a bienal acontece, precisamente, numa altura em que o país vai assinalar 22 anos de paz e reconciliação nacional e tem como palco uma das regiões que foi duramente afectada pela guerra civil que assolou o país por mais de duas décadas.