No âmbito das actividades culturais da Bienal de Luanda, realizada entres os dias 22 e 24 do mês em curso, dezenas de jovens, provenientes de vários países africanos, efectuaram, na última Sexta-feira, 24, visitas a alguns monumentos históricos da cidade capital
A actividade, que visou promover o intercâmbio cultural entre jovens, acadêmicos e entidades governamentais, teve no seu roteiro passagem pelo Memorial Dr. António Agostinho Neto (MAAN) e o Museu de Histórias Militares, ambos situados na baixa de Luanda.
Nestes locais, os participantes receberam explicações, em visita guiada, sobre alguns dos factos mais marcantes da história de Angola e o contributo de personalidades que estiveram envolvidas no processo de luta pela Independência Nacional.
Para Genila Hiel, jovem da Tanzânia, a Bienal, em especial a visita, foi uma grande oportunidade de poder explorar de perto a história do povo angolano, compreender as fases que a Nação passou para se afirmar como um povo independente. Sublinhou que é uma história semelhante a dos demais países do continente que também lutaram pela sua independência e soberania.
Descreveu a visita como sendo também uma óptima ocasião para, entre jovens, poderem trocar experiências, falar sobre as suas vivências, diferenças culturais e conciliar ideias, e visões para o desenvolvimento da África Subsariana.
“Poder estar aqui com jovens de outros países, ouvir um pouco sobre a história de Angola e daqueles que contribuíram para a sua soberania, enquanto povo livre e independente, foi uma experiência única e excepcional, que vai ficar patente em nós para o resto da vida”, frisou.
Acrescentou de seguida que “acho que vamos poder tirar subsídios que vão nos servir de guia para a visão de uma África que todos desejamos, próspera, com desenvolvimento e livre das guerras e da fome”.
Por seu turno, a jovem Sheldon Maduela, de Moçambique, considerou como sendo uma iniciativa positiva a organização de eventos internacionais que juntam jovens para discutirem sobre o presente e o futuro do continente.
Contudo, defendeu maior engajamento, por parte dos jovens e dos governos, no sentido de se cultivar a paz e o reforço dos laços históricos e culturais.
Quanto à visita guiada aos monumentos acima mencionados, salientou que o contacto com a história permite que a juventude se mantenha firme e na mesma linha que a dos antepassados que se bateram para a libertação do continente.
Já o jovem Jair Pereira, que integrou a comitiva angolana, considerou a visita como sendo bastante pertinente tendo em conta que a juventude em causa está desafiada a cultivar o diálogo da paz e da prosperidade no continente.
“Nós jovens temos a missão de salvaguardar a paz e a independência que os mais velhos conquistaram. Por tanto, esta visita está-nos a dar uma outra visão das coisas e dos nossos propósitos, remetendo-nos aqui à união, ao desenvolvimento e a algumas questões de entendimento entre povosirmãos e de preservação dos nossos laços culturais”.
Preservação das vestes africanas
Presente também na visita, o soberano António Muana-Uta Kabamba VII, rei do Uíge, defendeu que a juventude tem a responsabilidade de ajudar a preservar a cultura africana, desde as vestes, os monumentos e os objectos culturais considerados sagrados.
Segundo aquela autoridade tradicional da região Nordeste de Angola, os gestos de preservação da cultura começa pela forma como a juventude se apresenta, sobretudo em eventos internacionais.
Para o soberano, os jovens deviam fazer-se sempre representar de vestes de trajes africanos, de modo a manter sempre viva as culturais das nações a que pertencem.
Por outro lado, apelou igualmente às entidades governamentais a criarem mecanismos que possam promover a cultura da paz e do diálogo entre os jovens, as organizações civis e o próprio governo.
“A cultura de greve e manifestação que temos visto em todos os cantos, não pode ser uma prática que nos caracterize, enquanto angolanos e africanos que somos”, frisou.
Acrescentou de seguida que “precisamos ter o hábito de resolver os nossos problemas com diálogo, e isso é uma responsabilidade dos jovens e do nosso governo porque nós, enquanto autoridades tradicionais, também temos feito a nossa parte”.