Durante horas, os artistas interpretaram canções que marcaram outros tempos. Dentre essas músicas, destacam-se Jienda Ja Anami, Kudikola Kwetu, Bela, Kikola, Gingolol, Nguami Kusobasoba e outras canções que levaram os presentes do Centro Cultural e Recreativo Kilamba a uma verdadeira viagem ao cancioneiro das sonoridades angolanas
Em mais uma das edições do Muzongué da Tradição, o Centro Cultural e Recreativo Kilamba, no Rangel, levou, ontem, o Semba de raiz para os convivas daquela casa de cultura, num ambiente familiar e de pura descontração.
Entre o melhor da gastronomia angolana, os convivas celebraram o Semba de raiz nas sonantes vozes de Augusto Chacaya, Jovens do Prenda e Tony do Fumo Filho.
Durante horas, os artistas interpretaram canções que marcaram outros tempos. Dentre essas músicas destacam-se Jienda Ja Anami, Kudikola Kwetu, Bela, Kikola, Gingolol, Nguami Kusobasoba e outras músicas.
Uma viagem ao cancioneiro da música angolana
Numa apresentação do Músico Don Caetano, os artistas, que interpretaram ainda canções de outros artistas, como David Zé, Artur Nunes e Sofia Rosa, arrastaram para a pista de dança jovens, senhores e anciões, sendo que das mais velhas da sala foi uma senhora de 90 anos, que “varreu” o salão com a passada do Semba.
Massano Júnior e Joãozinho Morgado em “ponto rebuçado”
Para apimentar mais ainda a tarde, Joãozinho Morgado e José Massano Júnior subiram ao palco para prestigiarem o evento com o melhor que sabem fazer, com o ritmo dos tambores e da voz do canto do Semba da Angola do antigamente, o que fez, ainda mais, levar os presentes à pura euforia.
Apesar das idades, acima dos 70 anos de idade, os dois “monstros” da música angolana subiram ao palco com toda a sua energia e boa disposição, o que demonstrou estarem ainda em “ponto rebuçado”, como os classificou o músico Don Caetano.
“Uma homenagem ao Semba de raiz”
Augusto Chacaya foi dos artistas mais aplaudidos do dia, tendo as suas canções proporcionado um ambiente de festa e de pura descontração entre os presentes que saíram de vários pontos de Luanda, e até do país, para celebrar o Semba da mais “pura água”, como disse em declarações ao jornal OPAÍS o próprio artista.
Segundo o músico, mais do que um momento em família, o espectáculo de ontem foi, precisamente, para homenagear o Semba de raiz. Para o músico, é preciso devolver ao Semba toda a sua identidade e originalidade que tem vindo a perder, sobretudo nas mãos da nova geração.
Conforme referiu, o Semba continua vivo, mas o grande problema é na sua execução e respeito dada a falta de cuidado e valorização a que muitos submetem o estilo.
“A actividade de hoje foi uma homenagem ao Semba de raiz. E temos de continuar nessa dinâmica no sentido de levar às nossas gerações o melhor da música angolana”, frisou.
“Semba com alma”
Por seu lado, Tony do Fumo Filho rebuscou o melhor do cancioneiro do seu pai, Tony do Fumo, para levar os convivas ao delírio, interpretando canções nostálgicas que marcaram gerações de outros tempos.
Na entrevista ao OPAÍS, disse que o palco do Centro Cultural e Recreativo Kilamba representa uma verdadeira escola ao Semba que é cantado com alma. “Aqui canta-se Semba com alma. Temos de continuar a incentivar iniciativas do género para proporcionar aos mais jovens o melhor da música angolana”, frisou.
O Muzongué da Tradição
É um programa que teve início em Fevereiro de 2007, com o objectivo de promoção, divulgação e valorização da música angolana. Principais referências da música angolana passaram pelo palco local ou foram homenageadas.
Da longa lista, constam Teta Lando, Lourdes Van-Dúnem, Mamukueno, Zecax, Zé Keno, Bangão, Chico Montenegro, André Mingas, Bonga, Joãozinho Morgado, Botto Trindade e Elias Dya Kimuezo.