Actores, encenadores, dramaturgos e directores apelaram na Terça-feira, em Luanda, para maior rigor nas normas que regem o Prémio Nacional de Cultura e Artes, na categoria de Teatro, de modo a incentivar a criatividade
Por: Antónia Gonçalo
A preocupação foi manifestada durante um debate que abordou o tema “Prémio Nacional de Cultura e Artes” como distinção de excelência e incentivo à criatividade, realizado na 17ª edição do projecto “Há Teatro no Camões”, no Centro Cultural Português. Segundo o director de teatro Walter Cristóvão, o encontro serviu para abordar a mística do Prémio Nacional de Cultura e Artes na categoria de teatro, bem como resgatar os valores em torno do prémio.
Walter Cristóvão lamentou a pouca divulgação do regulamento do concurso, assim como do corpo de jurados que analisam as peças teatrais, de modo a permitir a interacção com os artistas.
“Quando este prémio foi criado, teve um grande impacto na classe artística. Mas depois de um tempo notamos que começou a perder a qualidade”, considerou.
O director de teatro lamentou a fraca divulgação dos grupos vencedores por parte do Ministério da Cultura, assim como dos órgãos de Comunicação Social. Para solucionar a questão, sugeriu que o Ministério criasse parcerias com os órgãos Comunicação Social públicos, com o objectivo de produzir rubricas dedicadas ao prémio.
“Há muito que discutimos esta questão, mas não se põe em prática. Isso ajudaria os artistas a terem contactos com todo o tipo de informação relacionada com o prémio”, explicou.
Disse ainda ser necessária a presença de um secretário permanente, para organizar entrevistas, documentos, relatórios e recolha de candidaturas.
Apesar dos factos, Walter Cristóvão reconheceu que o prémio continua a incentivar os grupos teatrais a apostarem gradualmente no seu trabalho, de modos a concorrerem neste evento, realizado anualmente.
Por sua vez, o director do grupo Henrique Artes, Flávio Ferrão, avançou que o encontro serviu para dar a conhecer aos artistas os critérios que regem o prémio e criar sugestões para o ministério, de modo a agirem com maior claridade.
O Henrique Artes que já foi vencedor de uma das edições do prémio, aconselhou os demais grupos a pautarem pela criatividade e diversidade de obras teatrais.
“Os grupos não devem trabalhar com a intenção de conquistar o prémio. Se trabalharmos a pensar no prémio e no final não vencermos, teremos aquele sentimento de frustração”, sugeriu.
Organização
O coordenador da actividade, José Teixeira, explicou que o tema em debate foi escolhido com o objectivo de esclarecer as dúvidas apresentadas pelos artistas, relacionadas com a selecção dos júris, de modo a os prémios incentivarem a criatividade.
Apontou a pouca satisfação dos actores em relação à avaliação das obras pelos júris, questionando a existência de critérios para a dita avaliação final. “Muitos não estão satisfeitos com as avaliações feitas pelos júris, isso porque elas não se fazem presentes nas salas de espectáculos em Luanda, quiçá, no país”, apontou.
O coordenador do evento lamentou o facto de os representantes do Ministério da Cultura não se fazerem presentes no evento, de modo a esclarecer as inquietações dos artistas, bem como fazer chegar a decisão até à titular da Cultura.
No segundo dia da actividade, Quarta-feira, foi realizado o debate sobre o tema “Reflexão sobre o ‘Há Teatro no Camões’”. José Teixeira explicou que o espaço tem como objectivo levar a debate as preocupações dos artistas e, com base nelas, encontrar soluções de maneira a engrandecer o seu trabalho e a arte no país.
Refere-se que a actividade será realizada trimestralmente, envolvendo grupos teatrais, actores, encenadores e dramaturgos.