Alguns artistas ouvidos pelo Jornal OPAÍS manifestaram-se optimistas no surgimento de melhorias significativas, tanto para a Cultura quanto para o Turismo, defendendo que cada área terá assim mais espaço e liberdade para definir metas específicas para alavancar o seu sector. O músico Euclides da Lomba parabenizou a iniciativa do Executivo em separar os sectores e mostrou-se expectante em relação à criação de políticas de melhoramento das duas áreas, em especial para a Cultura.
O ex-director Nacional da Cultura entende que a medida já era de se esperar, a julgar pelas necessidades que ambos sectores apresentavam, cujas acções desenvolvidas na era da fusão pouco apresentavam soluções de melhorias para as respectivas áreas. “Eu penso que esta separação era uma necessidade que mais cedo ou mais tarde teria de ser feita.
Era bastante laborioso para o titular do antigo ministério dividir-se nas responsabilidades de ambos sectores que são bastantes exigentes”, frisou. Acrescentou de seguida que acredita que “esta divisão vai permitir a criação de políticas mais específicas para alavancar estes sectores”. Da mesma opinião, partilha o também músico Calabeto que afirmou ser uma medida positiva e que, caso sejam aplicadas as medidas certas, vai permitir que o sector da cultura seja um importante gerador de receitas para o Estado e conferir maior dignidade aos fazedores de arte.
“Esta divisão é positiva na medida em que sejam aplicadas as políticas certas para melhorar a situação actual. Como diz um adágio popular «um cão só pode levar um só», isso quer dizer que os ministros terão agora a possibilidade de focarem as suas atenções, cada um, na sua área específica e vamos esperar que hajam realmente melhorias”, estimou.
Um Ministério focado unicamente nos assuntos culturais
Os intervenientes ouvidos por este jornal anseiam que, com a separação, o Ministério da Cultura seja, de facto, um departamento governamental que se foque concretamente nas mais variadas artes que constituem o seu sector, a fim de gerar resultados visíveis e que tragam mudanças positivas na referida área. Para a artista plástica e designer, Fineza Teta, o sector cultural é uma área transversal e que alberga várias áreas específicas desde dança, música, teatro, artes plásticas, moda e outros subsectores.
Por esta razão, a mesma considera acertiva a divisão por entender que aquele ministério não deve estar associado a um outro departamento para que as suas acções estejam concentradas única e exclusivamente nas áreas que lhe dizem respeito. Fineza entende que, apesar de o Turismo e a Cultura serem áreas que se completam, fomentando o investimento estrangeiro e a criação de postos de trabalho, a esta altura, “a separação vem em tempo oportuno para permitir que cada um tenha uma dinâmica própria” e, assim, juntos possam fortalecer os sectores social e económico do país.
“Apesar de andarem de mãos dadas, a esta altura é preciso que cada um tenha um dinamismo próprio. Cada um com o seu ritmo e focado na sua área específica e juntos vão se tornando sectores potenciais que vão fomentar a economia através do investimento estrangeiro”, detalhou.
Desafios do sector
Vários são os desafios que aguardam para o sector cultural, que se resumem nas metas traçadas pelo Executivo no Plano Nacional de desenvolvimento 2023- 27 (PND). Entre os objectivos contantes no PND consta o compromisso de se melhorar a política cultural do país, permitindo que os cidadãos tenham acesso a uma variedade de bens e serviços culturais e que sejam encorajados a tornarem-se criadores, defensores e promotores da sua própria expressão cultural.
No PND 2023-27, o governo perspectiva a criação de um sector cultural criativo, que sirva de motor para o desenvolvimento social e pessoal, gerador de emprego e crescimento económico, estimando que, até 2027, a cultura se torne num sector estruturado e sustentável, capaz de nutrir uma grande diversidade de artistas, géneros e modos de expressão e de catalisar o desenvolvimento social e económico.
É ainda prioridade para o sector cultural desenvolver acções que visam proporcionar aos cidadãos oportunidades para expressarem a sua criatividade, reforçando a coesão nacional e projectando uma imagem positiva de Angola para o exterior.