Uma mesa redonda sobre a “Percepção do corpo feminino africano e da diáspora” foi realizada no auditório da galeria do Banco Económico, na baixa de Luanda, no âmbito da exposição intitulada “Being her” (ser ela) ou “Being Here” (Estar aqui).
POR: Antónia Gonçalo
A mostra inaugurada em Novembro, cujo encerramento será hoje, juntou acima de 30 obras em especialidades como instalação, desenho e fotografia da autoria de artistas de sete países africanos e da diáspora, nomeadamente, Angola, África do Sul, Moçambique, Etiópia, Uganda, Quénia, Gana e Portugal. Segundo a moderadora do debate, Luziela Martins, o encontro visou discutir os temas das obras expostas, entre as quais a mulher e a interioridade feminina. Referiu ainda que serviu para reflectir sobre a expressão feminina actual, bem como analisar questões do fórum cultural, tais como o que é ser mulher africana.
“São negociações do corpo feminino, da apresentação e da presença de mulheres nas sociedades, e sobre as formas complexas com que se apresentam”, considerou. Luziela Martins realçou a necessidade de observar a mulher para além do lado biológico, e não pautar- se pela discriminação das suas acções em sociedade. A moderadora do debate realçou a importância de debates do género, porque permitem evidenciar as várias vertentes da mulher. Avançou a importância de debates do género, permitindo discutir aspectos que actualmente ainda as importunam. “Acho necessário ver os aspectos mais profundos, do que é ser mulher em Angola e no mundo”.
As artistas
A mostra colectiva de carácter itinerante, que teve início em 2015, na Africa do Sul, conta com a participação das artistas Aida Muluneh, Immaculate Mali, lebohang Kganye, Mimi Cherono, Nandipha Mntambo, Phoebe Boswell, Zanele Muholi, Zohra Opoku, Eurídice Getúlio, Lola Jeyezua, Ana Silva, Stacey Gillian, Mónica de Miranda e Jéssica Atieno, com a curadoria da artista angolana Paula Nascimento e Violet Nantume. Através das obras, as talentosas artistas revelam a realidade de vários países africanos, com destaque para a marginalização. Lola Keyezua apresentou três fotografias que retratam o processo do corpo humano face a uma deficiência.
Keyezua defendeu a não discriminação das mulheres, pela função que desempenham na sociedade. “É preciso que se discuta mais sobre o assunto, para mostrar que a mulher existe para além do lado biológico. É bom quando usamos a arte para interagir com o mundo”, assinalou. Segundo a curadora da exposição, Paula Nacimento, “Being Here” visa evocar os vários pontos da identidade feminina, onde cada uma retrata a sua visão sobre o universo feminino através da arte. Avançou que a exposição tem como objectivo provocar diferentes reflexões nos países africanos sobre as complexidades que encerram a identidade feminina.