A galeria do Museu Nacional de Arqueologia de Benguela acolhe a exposição de artes plásticas da artista franco-brasileira Ana Quirin intitulada “Impressões”, com 16 obras do estilo abstracto, inaugurada na passada sexta-feira, 22
As obras em exposição até 31 de Maio, com a curadoria de Berta Teixeira, variam de 2 a 6 metros de comprimento e, em vez do habitual estilo clássico – os aros e as telas esticadas – Ana Quirin deu asas à sua criatividade artística ao pintar em panos Samakaka, de origem angolana.
Ana Quirin ressalta que a sua colecção de pintura está baseada nos panos Samakaka, por ser uma bandeira cultural de Angola e um apelo à ancestralidade africana.
“Os nossos ancestrais pintavam em cima de cascas de madeira, pele de animais e tudo o que encontravam”, recorda Ana Quirin, dizendo que foi a pensar nisso que criou estas obras, como que de um diálogo.
As obras expostas, explicou, não possuem título, uma maneira que encontrou para que o espectador interprete se a pintura é uma mulher, um rio ou a serra da Leba, conforme as suas próprias impressões.
Questionada sobre o uso dos panos Samakaka, disse que estão retratadas impressões de uma maneira abstracta de tudo o que viu e sentiu no dia-a-dia, em Luanda, onde encontrou a inspiração para esta criação.
“Como representar e apresentar isso ao público? Então eu disse: o Samakaka preto e branco para que não me influencie nas cores”, notou.
E acrescenta: “Eu abro o meu espaço em cima do Samakaka e aí faço a minha impressão”. Antes mesmo de Benguela, a artista deu a conhecer que esta exposição já passou por Luanda, há sensivelmente um ano, no Espaço de Arte/Sky Gallery, no Kinaxixe, onde esteve em cartaz durante dois meses e meio.
“É uma exposição um pouco itinerante e depois ela continua a viajar”, diz, para quem a ideia foi realmente fazer coisas impactantes para mostrar algo novo, mas, sobretudo, ligado aos nossos ancestrais.
Também agradeceu à colaboração do Museu Nacional de Arqueologia de Benguela, considerando que o tecto alto do espaço é ideal para esse tipo de exposição, que vai prolongar-se até finais de Maio por conta das festas da cidade de Benguela.
Mas explicou que, a partir de Junho, a colecção de pintura poderá viajar para mais duas cidades de Angola, ainda por confirmar, uma vez que a exposição é itinerante.
Sobre a artista Artista plástica franco-brasileira, Ana Quirin é natural do Estado da Bahia, no Brasil. Estudou na Universidade Federal da Bahia e na Universidade Paris VIII, França, tendo ainda mestrado em desenvolvimento do turismo local, França.
Começou a pintar em 1985 em Paris, por influência de um amigo, e, de lá para cá, já participou em várias exposições, tanto no Brasil, como na França, Antilhas, Chile, Madagáscar e agora em Angola, onde vive actualmente.