O artista, formador e curador de arte Dom Sebas advogou a necessidade de que se faça uma ampla reflexão em torno da cultura no currículo escolar nacional, de modo a preservá-la e valorizá-la
O artífice que falava ao jornal OPAÍS referiu que, caso não se olhe para a cultura como um activo importante no processo de educação e até fonte de arrecadação de fundos para os cofres do Estado, assistirse-á, nos próximos tempos, a uma tentativa de gastos recurso constante na busca de soluções em outras geografias que afirma não darem resposta às necessidades nem estão em concordância com a essência da cultura angolana.
“Enquanto a cultura não refletir a sua presença no currículo escolar nacional, vamos continuar a tentar buscar soluções em outras geografias que nunca darão resposta à ausência de laços, conexões e conforto com a nossa essência”, desabafou o artista.
O mesmo mostra-se indignado com a falta de valorização das artes no quesito académico, questionando a razão da não inclusão das artes no currículo escolar do ensino geral. “Se ela (a arte) é essencial e é uma necessidade humana fundamental, o que falta então para legitimarmos o seu posicionamento social e económico na nossa banda?”, questionou.
O artista sublinhou que a arte, como uma necessidade humana fundamental, além de expressar quem somos, tem um importante papel social de estimular o pensamento crítico, promovendo o diálogo e o respeito pelas diferenças entre as pessoas.
Reforçou que as artes, comprovadamente, apoiaram, ao longo da história, movimentos sociais, promovendo novas perspectivas, reiterando que nos dias de hoje não pode ser diferente.
Para Dom Sebas, é um imperativo que o Ministério da Cultura olhe para as artes, especialmente às Artes Visuais e Plásticas, como um activo económico e social.
Sobre o artista
Sebastião Joaquim N’debela Cassule, nascido em Camabatela-Ambaca, província do Cuanza Norte, a 12 de Março de 1968, é membro da União Nacional dos Artistas Plásticos Angolanos (UNAP) e da Associação Internacional de Artes Plásticas “L’Aigle de Nice”.
A sua motivação e inspiração, como artista, baseia-se na necessidade de revelar os arquivos da sua memória e mostrar como é possível enriquecer a vida humana e todo o universo que nos rodeia, através dos valores afectivos da diversidade e da inclusão, utilizando a memória.