A bailarina, professora, coreógrafa e investigadora, Ana Clara Guerra Marques, defende que o Dia Mundial da Dança, que se celebra hoje, 29, deveria ser, para o país, uma ocasião de orgulho e reflexão sobre o papel transformador da dança enquanto património cultural, social e intelectual, sobre a qualidade dos seus artistas e sobre a força da actividade criativa
Segundo a coreógrafa, o cenário actual impõe uma reflexão mais amarga, pela falta de escolas especializadas competentes, a ausência de políticas públicas de apoio à criação artística e a inexistência de estudos consistentes sobre o acervo patrimonial deixam perceber a negligência com que a dança profissional é tratada pelas instituições estatais.
“A dança é muito mais do que movimento: é memória colectiva, narrativa histórica, construção de pensamento crítico e expressão profunda da identidade de um povo. A prática profissional não exige apenas talento, mas também formação técnica rigorosa, investigação e espaço para a criação inovadora.
O défice de um sistema de ensino artístico sólido impede a formação de artistas completos, deixando jovens talentosos à deriva, sem uma estrutura que lhes permita transformar o potencial artístico em excelência profissional, saindo para o mercado de trabalho cheios de lacunas ou sendo obrigados a procurar reconhecimento e formação fora do país”, disse, em documento enviado a OPAÍS.