Familiares, amigos e membros da Academia Angolana de Letras (AAL) relembraram no acto de homenagem, a título póstumo, à nacionalista, linguista, académica Amélia Mingas os feitos da linguista, ligados ao panorama sociolinguístico angolano, como forma de perpetuar o seu legado
Os presentes no evento realizado na última Sexta-feira na Faculdade de Humanidades da universidade Agostinho Neto, fizeram uma incursão daquele que foi o seu percurso, o trabalho que desenvolveu durante décadas em prol do desenvolvimento do país social e cultural.
Entre os feitos destaca-se eminente nacionalista a produção de informação e estudos científicoacadémicos importantes para a compreensão do panorama sociolinguístico angolano e mesmo internacional, além de ter guiado e formado muitos estudiosos angolanos que contribuem, significativamente, no campo investigativo e académico nacional da linguística, particularmente da linguística bantu.
Ana Pita Grós da Silva, discípula, escolheu o tema “Recordar Amélia Mingas de olho secos” para lembrar aquela que foi em sua vida “uma mãe científica”.
Revelou que pretende continuar com os ensinamentos académicos de Amélia, principalmente no que diz respeito aos estudos linguísticos. A também professora referiu que, no que toca às políticas linguísticas no país, ainda há muito o que se fazer, pelo facto de se ter a língua portuguesa como língua oficial constitucionalizada.
A par desta, considera ainda que as línguas nacionais, que mais provocam influências e mudanças ao português, não estão totalmente constitucionalizadas.
Para melhores resultados e, consequentemente, dar continuidade ao trabalho desenvolvido por Amélia Mingas, defende a necessidade de se traçarem políticas que defendam a existência de um estatuto para as línguas de origem nacional.
Familiares enaltecem iniciativa A homenagem enquadra-se no projecto desenvolvido pela AAL, que visa prestar tributo a homens/ mulheres de letras, com destaque para os angolanos(a) que inscreveram os seus respectivos nomes na história de Angola.
Como viúvo da nacionalista e defensora da valorização das línguas nacionais, Jota Carmelino referiu que, daquelas que já se têm feitas, esta é mais uma singela homenagem que rebusca os feitos da ex-professora Amélia Mingas, carregadas de recordações partilhadas por 48 anos de convivência e experiências.
“Falar da Amélia Mingas é falar de uma pessoa única, ela era de uma estatura impressionante, tinha várias dimensões, como mulher, acadêmica e cidadã.
A passagem dela entre nós está registada no legado riquíssimo que nos deixou, uma referência para a nossa sociedade e, sobretudo, o símbolo do respeito ao sistema de educação do país”, relembrou.
Jota Carmelino afirma ainda que, a cerimônia realizada em véspera do seu aniversário natálicio, 17 de Dezembro, é uma actividade que se vem somar a outras realizadas anualmente, desde o seu passamento físico.
A filha da homenageada, Maria Perpétua, sublinhou que esta iniciativa tem um grande impacto social, por realizar acções que contribuam para que, realmente, as pessoas continuem a querer manter o legado daqueles que foram os desafios de Amélia Mingas em termos académicos.