O pátio da Fundação Arte e cultura, sita na Ilha do Cabo, em Luanda, foi, mais uma vez, o palco escolhido para mais uma edição da “Feira Criativa com Produtos Reciclados”, que visou expor os talentos e habilidades dos alunos da Escola de Artes daquela instituição sociocultural e educativa.
Realizada entre às 10h00 e às 13h30, a feira contou com a participação de mais de 70 crianças e dezenas de obras expostas, entre objectos decorativos para uso doméstico, bolsas e acessórios de uso pessoal, pequenos quadros e bonecos feitos à base de objectos reciclados.
Com uma bancada recheada de bonecas de pano, cestos, abanos, chapéus, balaios e outros, Ludmila Isidro, jovem de 19 anos, foi uma das protagonistas da exposição que decidiu exibir as suas habilidades.
A mesma contou que, antes de frequentar o curso de reciclagem, não sabia que os objectos podiam ser reaproveitados, mesmo depois de utilizados, no entanto, hoje já tem uma visão diferente das coisas e, sempre que compra algo, procura guardar a embalagem ou o plástico para poder reutilizá-lo nas suas artes.
“Antes não sabia que podíamos aproveitar os sacos ou as garrafas de plástico de água, mas, desde que comecei a frequentar o curso, agora quase já não desperdiço nada, procuro guardar a garrafa para transformar em algo valioso”, explicou a jovem que frequenta o curso há cerca de seis meses.
Alfredo Miguel, tratado pelos colegas por “Fredy”, de 15 anos de idade, fez igualmente parte dos feirantes, expondo em sua bancada bonecos, assentos e cavalos de brinquedos feitos com sacos de plástico, papelão, jornais e garrafas plásticas.
O adolescente disse que já frequenta o curso de reciclagem há mais de um ano, o que lhe permite ter mais habilidade e tecnicismo na arte de transformar reciclados em obras artísticas.
“Já fiz também bancos, armários, cestos, bolsas e muitas coisas só com objectos reciclados”, contou entusiasmado o adolescente. Já Emília Pacheco, de 14 anos de idade, com a sua bancada composta de um jogo de cestos feitos de papelão, jornal e tecidos coloridos, detalhou como funciona o processo de transformação dos objectos reciclados em obras de artes e objectos de decoração.
“Esta é uma caixa de papelão, do tipo que vem lá bolachas. Pegamos na caixa, cortamos, colocamos de seguida cola de papel em volta do papelão para forrar com jornal e depois vem a cola quente para assegurar os tecidos e as fitas de cor, depois é só deixar no sol para secar e já está”, explicou a menina que levou três dias para produzir as dezenas de cestos e outros objectos que compunham a sua bancada.
Promover a consciencialização ambiental
Segundo o director-adjunto da Fundação Arte e Cultura, Xavier Narciso, a feira teve como propósito reforçar a campanha de educação ambiental, que vem sendo promovida pela fundação nos últimos cinco anos, no âmbito das suas responsabilidades sociais e educativas.
O responsável frisou que a feira, que se encontrava aberta ao público em geral de forma gratuita durante os dois dias (sábado e domingo), visou também promover a educação ambiental no seio da comunidade da Ilha do Cabo e da população em geral.
“Com esta iniciativa, vamos passando a mensagem à comunidade para que tenha a consciência de preocupar-se com a protecção do meio ambiente e do ecossistema, para que optem por práticas que visam reduzir a deposição de resíduos no solo e/ou no mar, dando-lhes outros destinos, que é de transformar os resíduos em produtos de outras utilidades”, explicou o responsável.
Exposição continua até final do mês
Fez saber ainda que as obras dos alunos vão continuar expostas até final do corrente mês nos vários cantos da Fundação, especialmente nas salas de aula e nos espaços que funcionam como oficinas de aulas práticas no curso de reciclagem.
O responsável explicou que a feira é também uma forma de materializar aquilo que é a filosofia da turma de reciclagem e decoração, que estão baseadas nos 7 ‘R’ de sustentabilidade, nomeadamente reciclar, repensar, reduzir, reutilizar, reparar, recusar e reaproveitar.
De salientar que as iniciativas de conscientização de protecção do meio ambiente naquela instituição já decorrem há mais de cinco meses, com acções que arrancaram no passado mês de Junho, por ocasião do Dia Mundial do Meio Ambiente, que é celebrado no dia 5 do referido mês.