A realização da 7.ª edição do Curso Livre de História de Angola, promovida pela União das Cidades Capitais de Língua Portuguesa (UCCLA), que arranca a 30 do corrente mês, serviu de mote para a entrevista (feita por e-mail) que o jornal OPAÍS manteve com o Professor Doutor Alberto Oliveira Pinto
O curso tem como objectivo transmitir um conhecimento amplo e cronologicamente estruturado acerca do que significou, dos tempos pré-históricos aos nossos dias, a realidade geográfica, política e cultural de Angola. Pelo seu histórico, o também coordenador do projecto, desenvolvido em Portugal, considera ser impossível conhecer a história de Angola, e mesmo encontrar uma identidade, sem conhecermos também a história do colonialismo português, assim como os vestígios coloniais. A título de exemplo, fala sobre Massangano, que foi capital colonial durante os sete anos de dominação holandesa, de 1641 a 1648, além de ter si- do um ponto-chave na rota do escravo no corredor do Kwanza — na qual a própria rainha Njinga participou —, e considera uma dor de alma estar ao abandono.
Professor Doutor, o Curso Livre História de Angola vai este ano na sua 7.ª edição. O que o levou a criação deste curso?
Basicamente, o facto de não haver até à data nenhum curso académico especificamente sobre história de Angola. Temos doutoramentos e mestrados em História de África, mas não especificamente sobre a história deste ou daquele país africano. Além disso, a história de Angola continua a ser muito desconhecida, nomeadamente pelos próprios angolanos.
Sendo a história de Angola bastante ampla, tendo em conta a sua periodicidade, o conteúdo ministrado neste curso está relacionado aos diferentes períodos?
Sim, procuramos ser abrangentes, na linha do meu livro “História de Angola. Da Pré-História ao Início do Século XXI”, que nos tem servido de manual e que terá em breve a sua quarta edição pela Guerra e Paz Editores.
Como é composta a grelha de programação do curso?
O curso decorrerá durante 23 sessões, uma vez por semana, às 18 horas, e serão acompanhadas pela projecção de mapas, imagens e todo o tipo de suporte iconográfico.
O curso só é ministrado somente em língua portuguesa?
Sim, só em língua portuguesa. Mesmo quando aparece algum docente convidado que não seja falante de português, há for- mas de traduzir. Temos apenas uma turma, e o número de formandos pode variar entre dez e trinta por ano. É a experiência até hoje.