Mapuia Aurélio e Augusto Alberto, de 13 e 16 anos de idade, são dois adolescentes que diariamente percorrem a Praia Morena, na cidade de Benguela, para mostrar o seu talento na música, com a interpretação de composições de autores nacionais conceituados para ajudar as suas famílias na aquisição de alimentos
Os dois amigos, ou simplesmente “Estrelas na Rua”, como são chamados, cantam juntos há dois anos e residem em bairro diferentes da cidade de Benguela.
Talvez por ironia do destino, decidiram dedicar-se com maior incidência aos temas de Matias Damásio e Gerilson Insrael, ambos naturais e residentes da cidade das Acácias Rubras até antes do estrelato.
Para além da música, a dupla partilha os mesmos problemas trazidos das suas famílias, pelo facto de ambos serem filhos de mães solteiras e desempregadas.
O alto custo de vida que se pode ter nas grandes cidades do país faz com que os dois amigos participem, desde cedo, no sustento das suas famílias.
Apesar de não terem frequentado uma escola de música propriamente dita, e não possuirem instrumentos musicais em condições para execução, Mapuia Aurélio e Augusto Alberto possuem uma voz já afinada.
À nossa reportagem, Mapuia Aurélio, o mais velho da dupla contou que não tem sido fácil conseguir algum valor económico capaz de fazer uma cesta básica para cada um dos dois, sobretudo nos dias laborais.
“Aqui nem sempre há gente que reconhece o nosso trabalho. Há vezes que passamos e ninguém nos chama para tocar uma música, porque ainda não temos um sítio onde podemos fazer o nosso trabalho, para que cada pessoa que passe possa parar e apreciar, para depois pagar alguma coisa”, disse.
Segundo a nossa fonte, os dias em que se pode “facturar” são os fins-de-semana, onde a fasquia pode atingir os 2 a 3 mil kwanzas, já que por cada actuação o caché não passa dos 200 kwanzas. “Não é muita coisa, mas dá para comprar sempre alguma coisa para levar para casa e entregar à mãe.
Há momentos em que vamos passando por uma das casas ou barracas aqui que confeccionam alimentos. Pedimos para cantar e se nos derem comida já pronta, saímos a correr para a casa e ir partilhar com os irmãos mais pequenos, enquanto a mãe foi aos seus pequenos biscates”, disse.
“Só queremos duas violas novas”
A dupla baptizada de “Estrelas na Rua” passa por inúmeras dificuldades, desde as alimentares até à falta de vestuário, não só para si, como também para os seus irmãos mais novos, já que os dois vivem apenas com as progenitoras no bairro Benfica, cidade de Benguela.
Questionados sobre o que precisam para minimizar as suas dificuldades, Augusto Alberto respondeu que tudo o que precisa são duas violas novas para que o mesmo aperfeiçoe a sua actuação, já que as que possuem não têm cordas completas.
“Além da comida de que nós precisamos, queremos também duas violas novas.
Por isso, pedimos às pessoas de boa-fé que nos ajudem a realizar o nosso sonho de sermos bons cantores e ajudar também as nossas famílias”, apelou.
Por: João Katombela