“Ylunga” é um filme sem diálogos, pontuado por referências musicais sugestivas, como o trecho musical de abertura da Sinfonia número 9 do Novo Mundo, do compositor checo Antonín Dvořák, intercalado pela música dos batuqueiros do Burundi e acabando no Glória de Vivaldi.
As actividades vão prosseguir na sexta-feira, 22, no mesmo horário, com o lançamento do livro, a título póstumo, “A Minha Sereia”, da autoria da escritora angolana Rosária da Silva, falecida há dois anos em Portugal.
Com a chancela da Editora Flamingo, ilustrada por Juques de Oliveira, a obra, que conta a história infanto-juvenil, retrata a vida de Lua, uma adolescente muito bonita que, por uma maldição, viveu momentos trágicos com o rosto desfigurado durante um certo tempo.
Já no sábado, 23, às 14h00, está prevista a realização de uma exposição de artesanato, roupas africanas e outros produtos, seguida de uma sessão de trova musical, que será animada pelo cantor Gari Sinedima e pelo guitarrista Carlos Praia.
Na ocasião, será feita a apresentação pública do projecto “Expo Kuenda” – exposição multidisciplinar e multissensorial itinerária em celebração dos 50 anos de independência de Angola, às 16h00.
Quanto às activadades mencionadas, Vladmir Prata avançou que, no local onde vão decorrer as actividades, continua patente a exposição colectiva de artes plásticas “Dipanda 4.9”, inaugurada no dia 11, até ao próximo dia 30 de Novembro, com obras dos artistas Lino Damião, Leda Baltazar, Zizi Ferreira, Thó Simões, Casca, Júnior Jacinto, Ana Rocheta, Sebastião Zabilea, Sónia Oliveira, Silvestre Kizembe e Paulo Airosa.
“Na primeira semana, tivemos uma adesão razoável, sobretudo no dia da inauguração da exposição colectiva de artes plásticas. Esperamos ter mais gente esta semana, em função da divulgação que temos feito.
O nosso objectivo como associação é promover a cultura e as artes angolanas através da realização de eventos e intercâmbio com outras comunidades residentes em Portugal”, disse, em conversa com OPAÍS.
Questionado sobre as actividades que visam celebrar os 50 anos da Dipanda, que vai arrancar com a “Expo Kuenda”, disse que estão a trabalhar na programação de vários eventos para 2025, que será divulgada em momento oportuno.
“Cumprido com a agenda de programação para este ano, da qual resultou a realização de eventos alusivos ao Dia de África, Dia da Mulher Africana, temos sido convidados a participar em feiras e outros eventos promovidos por outras organizações. Divulgamos a nossa acção através das redes sociais e imprensa nacional e portuguesa”, frisou.
O filme
As referências musicais dão ao filme uma leitura simbólica no espaço do museu etnográfico de Amesterdão Tropen Museum, repositório do roubo da identidade e espiritualidade africana no auge do Modernismo.
Trata-se de um filme que narra a epistemologia da memória de imposição de dogmas religiosos que são responsáveis por identidades perdidas e encontradas com futuro, “a opção estética da narrativa linear e um fim inconclusivo foi inspirado na tradição oral Tchokwe”, conclui.
O livro
Rosária da Silva foi compositora, poetisa, declamadora, contista e cantora, coordenadora do Núcleo dos Poetas da CPLP em Angola, com participação em nove antologias internacionais.
É referenciada como a “primeira romancista angolana” na História da Literatura Moderna, tendo merecido “Menção Honrosa” do Prémio Literário António Jacinto/1996, com o romance intitulado “TOTONYA”. Possui mais duas obras, com os títulos “A Gatinha Lola” (conto infantil) e “A Máscara” (conto).
O NAAP
O Núcleo de Artistas Angolanos em Portugal (NAAP), criado em Janeiro último, começou com as suas actividades em Abril do corrente ano, acções que incluem exposições de artes plásticas, lançamento de obras literárias, projectos de música e dança kizomba e acções de solidariedade.