A película escrita pela actriz Luzia do Amaral, produzida por Maria Teles, retrata a história de Filipe, irmão cassule de André, que foram separados por conta de um incêndio, no qual perderam os pais.
Por consequência deste incidente, foram adoptados por famílias diferentes: André tornou-se num homem bem-sucedido, um empresário de sucesso.
Já o Filipe um usuário de drogas e alcoólatra, deu-se mal na vida. André, apesar da sua condição social, sofre de insuficiência renal.
Para tratar desta patologia e ver melhorada a sua saúde coloca um anúncio nos jornais e rádios à procura de um dador, alguém que fosse compatível, e seria recompensado pelo acto.
Porém, a única pessoal compatível era o seu irmão Filipe, que não podia chegar perto da clínica, por ser uma pessoa alcoólatra, contou Maria Teles ao OPAÍS.
Segundo a produtora, o sexto sentido de Filipe atiçava que André era o seu irmão, tanto é que foi à procura dele em sua casa, mas não teve sucesso: foi espancado pelos seguranças, tendo este ficado à beira da morte.
“Depois de verificarem que o Filipe estava sem sinais vitais, levaram-no rapidamente à clínica em que André estava internado, mas Filipe não resistiu e acabou por morrer.
Diante desta situação, descobriu-se que o paciente que deu entrada à clínica era compatível com o empresário. Foram muita gente à clínica fazer o teste, mas feliz ou infelizmente ninguém era compatível com o André”, contou Teles. Participaram neste drama vários rostos consagrados do cinema angolano, como Nelo jazz (o famoso papa Ngulo), Nelson Manuel, Sónia Dala, Maria Teles, Miguel Hasta, Lauriano Quaresma, Dalton Borralho, Selma Ponte, entre outros actores do mercado nacional.
Mensagem no conteúdo
Maria Teles disse que o filme traz consigo uma série de aprendizado, relativamente ao pré-julgamento, como foi o caso de Filipe, agredido pelos seguranças de seu irmão, por acharem que se tratava de um delinquente.
Ciente da gravidade do assunto, augura que, depois da sua exibição, o público possa tomar consciência de que não se pode julgar as pessoas pela posição em que se encontram.
Para que passem a prestar mais atenção aos sinais, ou mesmo ajudar antes mesmo de julgar. “O mesmo mostra-nos que não podemos julgar o livro pela capa.
Nesta senda, o personagem Filipe foi julgado pelo facto de ser um alcoólatra, mas ainda assim conseguiu dar a volta por cima, salvando a vida do irmão, mesmo depois de morto”, alertou.
Processo de gravação
Segundo a também actriz, as filmagens foram feitas na província de Luanda, propriamente no Distrito Urbano do Rangel, nos arredores do Hospital David Bernardino, e também na Urbanização Nova Vida.
“O Distrito Urbano do Rangel foi escolhido como um dos locais de gravação porque Maria Teles, que interpreta a personagem Gui, a mãe adoptiva do Filipe, era uma mulher bem-sucedida que perdeu o filho e o marido.
Depois meteu-se no mundo da bebedeira e perdeu tudo. Daí passou a ter uma vida humilde, contou a produtora. Teles realçou que o maior desafio que tiveram neste processo de gravação foi a cena em que o Filipe morreu.