A Missão Católica São Tiago Maior de Lândana, localizada no município de Cacongo, província de Cabinda, considerada o berço da evangelização em África, comemora, no próximo dia 25 de Julho, 150 anos de existência.
A Missão foi fundada em 1873, pelo Reverendo Padre Hipólito Carrie, e tornouse, logo, no ponto de irradiação do trabalho apostólico dos padres da Congregação do Espírito Santo.
Dela partiram os fundadores das Missões de Cabinda, Lucula, Luáli, Maiombe e de Malanje
Refira-se que, no passado colonial, o distrito religioso, que compreendia as regiões de Cabinda e Zaire, era formado por seis missões fundadas e dirigidas por missionários da congregação Espírito Santo, nomeadamente Lândana, Cabinda, Lucula, Maiombe, Santo António do Zaire e Tomboco.
Foi na Missão São Tiago Maior onde se consagraram os primeiros sacerdotes nativos, já que esta, a pado internato da Missão Feminina de Lândana eram os únicos lugares de formação religiosa, e não só, nessa zona de Angola.
O primeiro angolano ordenado sacerdote na história religiosa do vicariato de Cabinda e Zaire, foi o padre Lourenço Bunga, consagrado a 9 de Janeiro de 1909, em Lândana, onde frequentou os estudos primários, preparatórios e os cursos de Filosofia e Teologia.
Trabalhou na Missão Católica de Lucula até à morte, a 6 de Agosto de 1940.
A sua vida foi de entrega total à Igreja, merecendo o cognome de “Bilolo Bitandu” em referência à uma planta muito abundante nas planícies de Cabinda que, anualmente, suporta as queimadas e reverdece logo às primeiras chuvas.
São também destaques os padres nativos João Alexandre Tati ordenado em 1921, Lourenço Clemente Mambuco (1930), Manuel Franklim da Costa (1948), Eduardo André Muaca (1953), Sérgio Gabriel Macaia (1955), Lourenço Pitra (1957), Próspero de Ascensão Puati (1957), Paulino Fernandes Madeca (1958), José Faustino Buílo (1958), Gabriel Nionje Seda (1962), Faustino Nzau Pitra (1964), Angelino Gaspar Nanga (1965) e João de Brito Monteiro Mayamba (1965), dentre outros.
Deste grupo de sacerdotes, quatro chegaram a ser ordenados bispos e trabalharam em várias dioceses do país, designadamente Eduardo André Muaca (arcebispo de Luanda), Manuel Franklim da Costa (arcebispo do Lubango, Huíla), Próspero de Ascensão Puati (bispo do Luena, Moxico) e Paulino Fernandes Madeca (primeiro bispo da diocese de Cabinda).
No período pós-independência, seis padres ligados à Missão de Lândana foram ordenados.
O último foi o padre Silvino Mazunga, formado no Seminário Espiritano, em Lândana, entre 1983 e 1985, e ordenado presbítero em 9 de Julho de 1995 numa cerimónia religiosa ocorrida na antiga vila Guilherme Capelo, Lândana.
Dom Belmiro Chissengueti, bispo da Diocese de Cabinda, atribui à Missão Católica de Lândana um valor imensurável no contexto da segunda evangelização de Angola e na África Subsariana.
“É daqui onde nasceu a Missão de Caconda (Huíla) e outras missões no interior de Angola. Quando se olha para Lândana, não se olha apenas pelo lado religioso que aquela Igreja representa, mas o lado da formação de homens e outras gerações de quadros que depois fundaram as missões de Zenze, Luáli, Belize e Ponta-Negra (Congo-Brazzaville).”
A Missão
Segundo Dom Belmiro Chissengueti, a Missão de Lândana, fundada pela Congregação do Espírito Santo, é responsável pela segunda evangelização e carrega em si uma dimensão espiritual de grande influência para os povos de Cabinda e do país em geral, na medida em que “a Missão de Lândana é a mais antiga do nosso território e é ela que serviu de irradiação para a evangelização e também para a promoção humana tanto nas missões de Zenze Lucula como do Belize, Luáli, Cabinda e de muitas outras pelo interior do país”.
Sendo o grande centro de irradiação do Evangelho e da promoção humana e cultual, a Missão de Lândana é um património não só pela sua antiguidade mas, sobretudo, naquilo que representa para a história do povo de Cabinda.
“Não há ninguém de sã consciência que não tenha referências dessa missão que nos últimos 150 anos tem realizado o seu trabalho.
Por isso, o facto de ter sido considerado Património HistóricoCultural Nacional não só pela sua antiguidade histórica, mas também pelo papel que representa para a nossa história dos últimos 150 anos”, refere o presbítero.