Na imprensa angolana, na imprensa portuguesa e na já crença popular, Angola é um país de generais. Um pouco como o quadro pintado com os coronéis brasileiros das telenovelas.
POR: José Kaliengue
No imaginário que se criou, todos os generais são ricos, até os que não têm nem jeito, nem queda para os negócios. Todos eles são açambarcadores de alguma coisa, ou de tudo. Esta é a imagem do general, tendo vindo das FAPLA, FAA ou FALA, ou mesmo do ELNA. Em Angola a riqueza tem patente. Pode ser assim e pode não ser tanto assim. Temos médicos, engenheiros, jornalistas, militares, gestores, políticos, gente de todas as profissões que enriqueceram. Uns por maus caminhos, outros porque tiveram “olho” na hora certa. Nem todos os ricos angolanos são imorais, é preciso dizê- lo, tal como nem todos os generais são ricos e brutos. Falando desta classe, que há dias foi fortemente abalada no seu orgulho e na sua honra pela Procuradoria Geral da República, digamos que só cá estamos como estamos hoje, nas calmas e em paz, justamente porque temos militares capazes, disciplinados, com sentido republicano e bem instruídos. Se aquilo tivesse acontecido na Guiné Bissau… Angola seria um cafarnaum, Na semana passada, OPAÍS publicou uma matéria sobre o general Ernesto Guerra Pires, o primeiro militar angolano Dr. Honoris Causa por uma instituição estrangeira, ele que nasceu numa comuna do Uíge, incorporou- se adolescente, mas nunca deixou de estudar. Hoje é um académico com doutoramentos, mestrados, etc. Mas continua militar. Prova de que há nas FAA muito miolo, bem pensante. É o que as torna no que são. Há em Angola militares altamente cultos e sofisticados, e alguns deles que são empregadores que honram os compromissos com o Estado, além de “alimentarem” milhares de famílias. É a esta elevação que devemos a paz que hoje comemoramos. Não se fizerem senhores da guerra com exércitos privados. Nesta hora há que reconhecer.