“Para continuarmos a alcançar maiores sucessos na nossa diplomacia, devemos nos preocupar em organizar melhor a nossa casa, o Ministério das Relações Exteriores, departamento ministerial encarregue de executar a política externa do Estado angolano”, afirmou o Chefe de Estado, João Lourenço
João Lourenço fez esta afirmação, quando discursava, ontem, na abertura do IX Conselho Consultivo do Ministério das Relações Exteriores, que decorre até Quinta-feira sob o lema: “O MIREX e a Acção Diplomática Angolana no Actual Contexto Internacional: Desafios e Perspectivas”.
Na ocasião, o estadista angola- no salientou que a formação contínua dos diplomatas e funcionários deve estar no centro das suas preocupações, sendo, por isso, necessário tirar-se o máximo rendimento da Academia Diplomática Venâncio de Moura, rodar mais os embaixadores, chefes de missões diplomáticas e o restante pessoal diplomático.
Para o Presidente da República, entre as suas missões no exterior, os embaixadores devem trabalhar no ministério, estar ocupados nas diferentes direcções ou proferir palestras na Academia Diplomática para transmitir a sua experiência, enquanto aguardam pela próxima missão.
João Lourenço manifestou, também, preocupação com o património angolano no exterior, e orientou que o Ministério das Relações Exteriores e o das Finanças devam preocupar-se mais em cuidar das propriedades de Angola no exterior. “Refiro-me, sobretudo, ao património imobiliário existente, como os edifícios das chancela- rias, as residências para os funcionários, os terrenos para construção, cujas obras, às vezes, levam anos para arrancar”, disse João Lourenço, para quem este património deve ser melhor gerido, conservado e rentabilizado.
Atenção à diáspora angolana
O Presidente da República lembrou que, para além das funções de representação junto do país acreditador, as nossas missões diplomáticas e consulares devem prestar atenção particular à diáspora angolana, no atendimento às suas necessidades de natureza jurídico-consular. Cabe, segundo João Lourenço, a estas missões garantir que estes cidadãos estejam permanentemente informados sobre os acontecimentos relevantes que ocorrem no país, comemorar em conjunto as principais efemérides nacionais e encorajar a realização de actividades das comunidades que visam promover a cultura e a gastronomia angolana no estrangeiro.
Para João Lourenço, os angola- nos na diáspora, que por razões de diversa ordem optaram por escolher um outro país para viver, trabalhar e realizar os seus sonhos, são tão angolanos como qualquer outro e como tal merecem toda a atenção, em particular nos momentos em que estejam em conflito com a lei e necessitem do apoio consular do seu país.
Conflitos em África e no mundo
No capítulo da segurança, o Chefe de Estado angolano referiu que o continente africano enfrenta inúmeros conflitos armados, alguns internos e outros entre países vizinhos, nesta base Angola tem usado da sua experiência para ajudar os irmãos africanos a debelar os conflitos que afectam os seus países. “Para que dialoguem, nego- ceiem a paz e assim passarem a dedicar todas as energias e recursos disponíveis ao serviço exclusivo do desenvolvimento económico e social dos seus países”, afirmou.
Salientou que o mundo vive, hoje, uma realidade complexa e perigosa, caracterizada por um conjunto de vários conflitos que se desenrolam em diferentes regiões do globo, enfatizando a guerra Rússia/Ucránia, e o aumento da tensão entre os Estados Unidos da América e a República Popular da China. Lembrou que nunca houve, na verdade, uma paz efectiva no mundo após a Segunda Guerra Mundial, apesar de ter surgido a Organização das Nações Unidas (ONU), cujo papel é o de garantir a paz e a segurança mundiais.
Segundo João Lourenço, o fim da Guerra Fria, que parecia ser o prenúncio de uma nova era de paz para a Humanidade, não trouxe consigo, como se pode testemunhar, a harmonia e a concórdia universal almejada por todos os povos do mundo. Com isso, apelou sobre a necessidade de os líderes mundiais assumirem a responsabilidade de fazer uma profunda reflexão sobre o papel central e incontornável que as Nações Unidas devem ter, de modo a que os destinos da Humanidade sejam construídos na base do escrupuloso respeito e observância das normas do Direito Internacional e da Carta das Nações Unidas.