Uma conferência sob o lema “autismo, família, comunidade e sociedade” acontece este Sábado, 31 de Março, no memorial António Agostinho Neto, em alusão à jornada de consciencialização sobre este transtorno que afecta 1 em cada 160 crianças no mundo
POR: André Mussamo
A iniciativa é da Associação Angolana de Amigos do Autista em co-autoria com o Coração Azul, um projecto que promove a ocupação de tempos livres para crianças e jovens com autismo. Segundo o programa distribuído pela organização, o sociólogo Paulo de Carvalho aborda o tema “desafios do Estado angolano para a gestão das políticas públicas para as pessoas com deficiência. O caso das pessoas com autismo”, enquanto Raimundo Salvador vai abordar o tema “estratégia para a formação dos profissionais especializados na área da deficiência. Equipa multidisciplinar; uma abordagem programática para as múltiplas necessidades. Historia, mitos e verdades”.
Outros dois conferencistas referidos no programa do evento são Conceição da Liberdade que disserta o tema “o processo de ensino e aprendizagem em crianças com autismo” e António Bandera Rosell que aborda o tema “diagnóstico da patologia: conceito, classificação e a etiologia”. Estão convidados a tomar parte do evento representante da sociedade civil, doadores, estudiosos e investigadores e representantes dos poderes públicos. Segundo a organização o evento marca o inicio do mês de Consciencialização sobre o autismo, uma jornada instituída pelas Nações Unidas e que é assinalada em todo o mundo com várias iniciativas, destacando-se o uso do “laço azul composto por figuras do puzzle” o símbolo da causa.
Na próxima Segunda-feira, 2 de Abril (o dia do autismo no mundo) organizações que abraçaram a causa em Angola juntam crianças afectadas pelo distúrbio e seus familiares e amigos para uma jornada ludo-terapêutica para a qual estão estão convidados todos os interessados. A iniciativa decorre na tarde de Terça no Memorial António Agostinho Neto e visa colocar em pauta a abordagem do autismo diminuindo a sua subalternização e combater o estigma e falta de atenção a que seus portadores são sujeitos no país. Acompanhando a “onda azul no mundo” os organizadores prometem iluminar o mausoléu em azul na noite de 2 de Abril no culminar da jornada lúdica.
Fontes conhecedoras do tema afirmam que os poderes públicos em Angola ainda não prestam “suficiente atenção” a este problema remetendo-o a uma total negligência ante o sofrimento de centenas de portadores e seus familiares. Mesmo assim, o Transtorno do Espectro Autista (TEA) continua a ser um problema crescente em todas as sociedades. O transtorno segue galopante auxiliado pela falta de profissionais especializados, centros para tratamento e fundos para a sustentação das iniciativas. Estudiosos apontam que em média uma em cada cinco famílias no mundo estão ou poderão estar afectadas por problemas derivados do autismo. Estes problemas vão desde a desorganização e desestruturação de diversas relações conjugais, perca de emprego e desenvolvimento de patologias motivadas por consequências associadas ao problema.
Em Angola não existem números sobre o autismo. Maria da Luz, mentor do projecto Coração Azul estimaserem milhares de pessoas vivendo com o problema e inúmeras famílias afectadas perante a incapacidade e a falta de soluções para o problema. O autismo foi descrito pela primeira vez no ano 1943 depois de um estudo aturado. Os especialistas designaram o novo problema como sendo “transtorno de Autismo”. Os três níveis de severidade na classificação actual do autismo são Nível 1, considerado o mais leve, o nível 2, onde se encontram os casos meio a moderado e o Terceiro nível, considerado o mais severo.