A crise, pelo menos no seu início, não afectou significativamente a entrada de turistas, revela o anuário do INE sobre o sector respeitante a 2015. O turismo proveniente da Europa, o principal mercado, caiu, mas o africano, que já se posiciona em segundo lugar, aumentou
Por: Luís Faria
O fluxo de turistas em direcção a Angola só se contraiu marginalmente com o início da crise económica decorrente que quebra acentuada da receita petrolífera a partir do segundo semestre de 2014. Assim, em 2015, o primeiro ano em que os efeitos da crise petrolífera internacional atingiram em cheio a economia nacional, verificou-se uma redução de apenas 2% na entrada de turistas.
De acordo com o Anuário de Estatística do Turismo que o Instituto Nacional de Estatística (INE) acaba de divulgar, a principal razão do recuo da chegada de turistas reside na redução do número de turistas provenientes da Europa, o principal mercado de origem dos visitantes estrangeiros, que passou de 325.970 em 2014 para 199.127 em 2015, uma quebra de 38,4%.
Outro mercado de origem que recuou foi o do Médio Oriente, embora sem o impacto do mercado europeu. Se, em 2014, chegaram a Angola 4.950 turistas provenientes daquela região, em 2015 só desembarcaram nos aeroportos e portos do país 3.123 pessoas vindas do Médio Oriente, ou seja, menos 36,9%.
Já o turismo proveniente de outras regiões aumentou, surgindo à cabeça, em termos de crescimento, o próprio continente. Em 2014 Angola acolheu 107.269 turistas vindos de outros países de África, posicionando- se como região africana em segundo lugar em termos de chegadas de turistas, com 30% do total das chegadas em 2015. No ano seguinte o número subiu para 176.022, um aumento de 64,1%.
Namíbia e África do Sul, constituíram os principais Países emissores ao representarem 63% ou seja 110 mil chegadas, assinala o INE. Também os fluxos de turistas provenientes da Ásia e América registaram, de um ano para o outro, variações francamente positivas.
Os vindos da Ásia aumentaram quase 50%, totalizando 108.139 as pessoas que entraram no país a partir desta região do mundo e os chegados da América aumentaram em 25,7%, atingindo 105.106 entradas em 2015.
O mercado Asiático ocupou a terceira posição em termos de chegadas em 2015, ao atingir a cifra de 108 mil correspondentes a 18,3%. Os principais países emissores desta região foram a China, Vietnam e Filipinas com 85% da região, ou seja, 92 mil chegadas.
A região Americana em 2015, ocupou a quarta posição em termos de chegadas de turistas, ao atingir 17,7% correspondente a 105 mil. Brasil, Estados Unidos de América e Cuba com 87% das proveniências, ou seja, 91 mil chegadas, foram os principais países emissores de América. A Europa, mesmo recuando quanto ao número de turistas europeus chegados a Angola em 2015.
Continua a assegurar o primeiro lugar no que respeita a chegadas, com 33,6% do total das chegadas às fronteiras nacionais.
Os principais Países emissores da Europa foram Portugal, França e Reino Unido com 76% das proveniências, ou seja, 152 mil chegadas. No biénio 2014 à 2015, o fluxo do turismo receptor atingiu a cifra de 1.187 mil, o equivalente a um acréscimo de 1% ou seja, mais 9 mil turistas em comparação, ao período homologo 2012 à 2013. Em termos de mercados, a Europa constituiu o principal mercado emissor ao atingirem 29%. Género e motivos
A população masculina tem sido a predominante das chegadas de turistas ao país. Em 2015, representou 77% enquanto a população feminina 23% do total das chegadas de turistas ao nosso país. As deslocações por motivos de negócios, constituíram o principal motivo de chegadas ao nosso país tendo representado 46%, correspondendo a um acréscimo de 7% em relação ao ano de 2014.
As deslocações por serviços e férias posicionaram-se em segundo e terceiro lugares com 39 e 15%, respectivamente. Em termos de ocorrências turísticas em 2015, os meses de Novembro e Dezembro representaram maiores incidências de viagens ao atingirem 11,6% do total das viagens turísticas. Neste período o turismo de negócio predominou com 54% do total dos motivos de viagens.
Capacidade e facturação hoteleira
O documento do INE conclui ainda que as unidades hoteleiras alojaram, em 2015, 1.271 mil hóspedes, mais 11% que em 2014. O total de dormidas associadas às deslocações turísticas atingiu a cifra de 3.582 mil, representando um acréscimo de 0,11%, ou seja, mais 3.838 em comparação ao ano de 2014.
Quando se compara o total de chegadas de turistas às fronteiras nacionais e o total de hóspedes estrangeiros não residentes, conclui-se que 109% dos turistas, se hospedaram nas unidades hoteleiras e meios complementares de alojamento, correspondendo a um acréscimo de 5% comparativamente ao ano de 2014. No que diz respeito à repartição das dormidas por origem, os angolanos residentes atingiram maior proporção com 55%, ou seja, 1.970 mil do total das dormidas.
Quanto a tipificação dos meios de alojamento, as unidades hoteleiras alojaram 2.067 mil representando 58% em relação aos meios complementares de alojamento. Em termos de permanência média dos hóspedes nas unidades hoteleiras e meios complementares de alojamento, situou-se em 2,8 noites.
Por origem, a permanência média dos estrangeiros não residentes situou-se em três noites e os angolanos residentes em 2,7 noites. A taxa média de ocupação de quartos em todos hotéis e meios complementares de alojamento, atingiu, em 2015, 88,3%, o que traduz um acréscimo de 2,5% em relação ao ano de 2014.
Em termos de camas, a média foi de 80,9%, ou seja mais 2,2% em relação ao ano de 2014. Em 2015, o sector empresarial do ramo hoteleiro e turístico facturou Kz 196.285 milhões equivalentes a USD 1.189 milhões à taxa de câmbio do BNA na altura), correspondendo a um acréscimo de KZ 40 mil milhões, ou seja, 25,65% em comparação ao ano de 2014.