O ministro dos Transportes, Augusto da Silva Tomás, defende, em Benguela, durante o Conselho Consultivo Alargado, a criação de uma nova cultura de prestação de contas e adverte as administrações das empresas do seu sector para o cumprimento rigoroso das regras de gestão da coisa pública e a preparação eficiente dos processos para entrega ao Tribunal de Contas para consequente fiscalização
Por: Constantino Eduardo, em Benguela
Aparentemente preocupado, Augusto Tomás, que socorreu-se de exemplos de outras realidades, mostra-se preocupado com a inércia nas empresas públicas nos 4 ramos de actividade, transporte rodoviário, ferroviário, marítimo e aéreo.
O responsável promete accionar um plano de reestruturação para empresas consideradas invariáveis ou ineficientes. Há, sublinha o responsável, poucos lugares em Angola para comportamentos de “amadores” na gestão das empresas públicas e para o “laxismo” ao nível do cumprimento da gestão económica, financeira e fiscal.
“O património público das empresas do Estado tem de ser usado com programas avançados de gestão, para que a sua vida útil atinja os padrões internacionais”, permitindo que cada empresa do seu sector implemente planos de manutenção adequados.
O responsável ressalta o sentimento de crescimento no país de que não se pode suportar empresas públicas inviáveis “e que sejam eficientes apenas para manter o emprego”, porém o desejo é o de transformar as empresas públicas em unidades rentáveis capazes de gerar fundos para a despesa pública do Estado.
“Os aumentos de custos apenas são compreensíveis num quadro de aumento dos lucros e de produtividade”, considera o governante. O Ministério dos Transportes realizou de 22 a 24 o seu 9º Conselho Consultivo subordinado ao lema “Mobilidade, Desenvolvimento e Bem Estar”, durante o qual responsáveis do sector fizeram uma radiografia e passaram em revista os assuntos programáticos nos anos anteriores.
O certame analisou as estratégias, planos, programas e projectos das empresas do sector, entre 2018 a 2022. Um dos principais ganhos do sector, soube O PAÍS de fontes, foi precisamente a retoma do tráfego ferroviário internacional, com a transportação do minério, concretamente o manganês, da RDC para o Lobito, tendo seguido viagem para a Índia e Europa, via porto do Lobito, 30 anos depois da sua paralisação. Especialistas do sector reflectiram, de igual modo, sobre os avanços e recuos.
De acordo com fontes, uma questão a se ter em conta tem que ver com o facto de, até à data presente, o responsável do pelouro, Augusto Tomás, não ter conseguido abrir a rota internacional no Aeroporto Internacional da Catumbela, empreendimento inaugurado em 2012 pelo então Presidente da República, José Eduardo Santos.
Justificando os investimentos na construção de um empreendimento daquela magnitude, o Ministério dos Transportes referira que a unidade aeroportuária visava “desafogar” o Aeroporto 4 de Fevereiro, em Luanda. Porém, até aqui, e para insatisfação social, os cidadãos que viajam para o exterior do país obrigam-se deslocar a capital do país para, de lá, partirem.