A FNLA não dispõe, por enquanto, de toda documentação que prove a titularidade do património que reclama ter sido usurpado pelo Governo mas, em declarações aOPAÍS, neste Sábado, 8, o presidente do partido assegurou que foi crida uma comissão que vai tratar do assunto com as entidades indicadas pelo Presidente da república
A FNLA tem vindo a reclamar a devolução do seu património, acusando o governo de usurpação do mesmo. A batalha pela devolução, de acordo com Nimi a Nsimbi já dura quase meio século, desde o consulado do antigo Presidente da República, José Eduardo dos Santos. Para o líder do partido, na conversa mantida com o actual Presidente da República, João Lourenço, no ano passado, deixou ao partido esperança e desafios com vista ao encerramento do assunto que pode levar ainda muito tempo, por falta de suporte documental.
O Presidente da República mostrou-se aberto e pediu prova documental do património reclama- do, se tal acontecer, disse o líder da FNLA, os bens serão devolvidos ou negociados. Entretanto, o partido tem apenas alguns bens imóveis inventaria- dos, o que torna difícil aferir a legitimidade e mesmo quantificar o património reclamado. Por essa razão, o presidente da FNLA lançou o desafio a todos os militantes, sobretudo aos antigos combatentes que eventualmente tenham guardado documentos para que os entreguem à direcção do partido. “
É um assunto que vamos continuar a tratar e seria bom que fosse no âmbito da boa-fé e não jurídico, porque já passam 45 anos e estamos com dificuldades de juntar a documentação”, admitiu. Segundo o líder da FNLA, o património em causa foi adquirido, na altura, quando os portugueses estavam a deixar Angola, com o dinheiro do partido, trata-se de vários edifícios que pertenciam aos antigos colonos em todas as províncias do país, ou seja, são apenas bens imobiliários que o partido fundado por Holden Roberto reclama, sem no entanto os quantificar, mas que hoje está ocupado pelo Governo, porque foram recebidos num contexto de guerra.
Tirar antigos combatentes da miséria é a bandeira do líder
Nimi a Nsimbi, eleito há pouco mais de um ano, defendeu um tratamento mais digno a todos os antigos combatentes e veteranos de guerra, considerando que o valor de 23 mil kwanzas dado, actualmente, a alguns é de mi- séria e nem chega para comprar uma cesta básica. Para o político, o valor mínimo considerável seria o que pudesse cobrir uma cesta básica, num país onde tudo é caro. “Quando fui eleito escolhi a luta pela dignidade dos antigos combatentes como a minha principal bandeira. Para vocês jornalistas este assunto devia ser o foco, nu- ma altura em que o país come- mora a Paz e a reconciliação Nacional”, defendeu Nsimbi.
Negociações em andamento
Para próxima semana avançou o líder político, por orientação do Presidente da República, está previsto um encontro entre membros da FNLA e o ministro da Defesa e Veteranos da Pátria, para tratarem do assunto dos antigos combatentes. “De momento não posso avançar muita coisa, mas um dos pontos será o cadastramento dos antigos combatentes que estiveram do lado da FNLA. Não tenho o número exacto e alguns já morreram”, esclareceu. O líder da FNLA defende a valorização dos antigos combatentes porque, segundo disse, graças a eles foi possível a conquista da independência. O governo angolano considera antigo combatente aquele cidadão que participou na luta de resistência anti-colonial, na condição de preso político, na luta de clandestinidade ou guerrilheiro, até 11 de Novembro de 1975.
POR: José Zangui