A matéria que o Paulo Sérgio, editor de Sociedade, trouxe a este jornal, ontem, sobre o Cuito Cuanavale, encerra aspectos muito importantes. Um deles é a dignidade dos homens que nela lutaram.
POR: José Kaliengue
Outro é a dívida que o país tem com eles, independentemente do lado angolano envolvido, já que cada um lutava por um ideal de Angola, inspirados, obrigados, ou enganados. Aí morreram angolanos. Quando lemos afirmações de um homem que se envolveu na guerra no Sul de Angola em 1976, e muitos deles vinham do tempo da guerra pela Independência, tem de nos cair a ficha. E quando ela cai, apesar de o seu historial não ser passaporte para abusos, perguntamo-nos com que legitimidade alguns fedelhos os tratam com a maior falta de respeito, invocando direitos que só o são pela luta destes homens e pelo sangue dos seus companheiros? É que quando ouvimos os nossos “novos democratas”, que sabem tudo, sabem o que pensam os outros, que desprezam a todos porque são os novos donos da verdade, principalmente se tiverem o aval ocidental, ou se tiverem audiência nas redes sociais, até parece que acabaram de inventar este país, misturando o ódio, a vaidade, a insensatez, a presunção e uma pitada de palmadas nas costas por uma mão europeia ou americana. E, de repente, os que ajudaram a fazer Angola são nada.