Ouvido, ontem, em tribunal, Nilton Saraiva é o último dos três réus que vêm acusados de subtraírem, de modo fraudulento, quantias avultadas do Programa Nacional de Combate à Malária, factos que negou alegando ter pago ‘todas as dívidas’ que tinha com o ministério.
POR: Romão Brandão
Funcionário do Ministério da Saúde há 25 anos, Nilton Saraiva é médico epidemiologista, destacado na Direcção Nacional de Saúde Pública. Nunca foi preso nem julgado, tem 53 anos de idade, e aparece neste processo por supostamente a sua empresa NC&NN, Lda ter beneficiado de 76.123.750 Kz de forma ilegal, como pagamento de um serviço que não terá prestado.
Chamado a pronunciar-se em torno do assunto, Nilton conseguiu explicar que a empresa, em que é sócio, participou num concurso público em consequência do qual foi apurada para prestar serviços relativos à aquisição de produtos de mobilização comunitária. Para além dos produtos, em que constam banners, flichart, chapéus, aventais e tshirts, a empresa também ficou responsável dos meios de registo, monitoria e avaliação para a campanha de combate à malária.
Assim, recebeu aquele valor, pago em duas prestações, pelo Ministério da Saúde. Na instância do juiz da causa, foi-lhe perguntado em que termos a sua empresa celebrara o contrato, e por que razão a mesma não esteve representada pela gerente, a declarante Nazarete Caetano, e sim pelo sócio, ao que o réu ficou preso na gaguez. O juiz aconselhou-lhe a calma e que tomasse um pouco de água, ao que o réu assim acedeu.